Maria da Graça Carvalho, eurodeputada do Partido Popular Europeu (PPE) e membro correspondente da Academia de Ciências de Lisboa, participou esta quarta-feira, dia 2 de junho, na apresentação do relatório "Decarbonisation of Buildings: for climate, health and jobs" (Descarbonização dos Edifícios: pelo clima, pela saúde e pelo emprego) do Conselho Consultivo das Academias de Ciência da Europa (EASAC).
Nas considerações finais, a ex-ministra da Ciência, Inovação e Ensino Superior realçou a importância do aconselhamento científico e das escolhas políticas baseadas em ciência, as recomendações contidas no relatório do EASAC, a importância de mudar de rumo para que a eficiência energética seja um dos motores da recuperação europeia e a importância de uma abordagem holística na descarbonização dos edifícios.
O aconselhamento científico, considerou, deve ser incorporado em todos os níveis dos processos de tomada de decisão. "Qualquer conselho científico deve ser independente e autónomo e não deve ser influenciado por quaisquer órgãos ou autoridades políticas ou económicas. Hoje, os dados científicos estão no cerne da intenção das instituições europeias em cumprir os objetivos do Green Deal num espírito de melhor regulamentação." O Mecanismo de Aconselhamento Científico (SAM) da Comissão Europeia", disse, "é um bom exemplo para fornecer aconselhamento científico independente, oportuno e de alta qualidade".
Sobre o relatório da EASAC, apresentado durante este evento, a Professora Catedrática do Instituto Superior Técnico e engenheira de formação considerou tratar-se de um documento "bastante abrangente sobre o que precisamos fazer para que os nossos edifícios desempenhem um papel decisivo na descarbonização da nossa economia". Os edifícios, assinalou, são responsáveis por "mais de 40% do nosso consumo total de energia, 36% das nossas emissões de CO2, mas também emitem elevados níveis de outros poluentes atmosféricos, através dos seus materiais, da sua construção, da sua demolição. Quase 70% dos nossos edifícios são ineficientes do ponto de vista energético. Os edifícios são a chave para uma Europa eficiente em termos de energia".
No último ponto da sua intervenção, Maria da Graça Carvalho referiu a importância de sublinhar alguns elementos que, em seu entender, carecem de maior coerência e de uma visão mais estratégica. "A descarbonização de edifícios deve beneficiar de uma abordagem holística que nem sempre é levada em consideração. É preciso, por exemplo, cuidar bem da qualidade do ar dentro dos edifícios e deles proveniente. Isso deve ser considerado ao longo de todo o ciclo de vida, da construção à demolição. O impacto na saúde das partículas provenientes da construção (NO2 e vários materiais particulados) é enorme e não é suficientemente considerado nos planos urbanísticos. Melhorar o desempenho energético implica reduzir não apenas as emissões de gases com efeito de estufa, mas todos os poluentes atmosféricos derivados de materiais, técnicas de construção etc..."