Maria da Graça Carvalho, eurodeputada do PPE, ex-ministra da Ciência, Inovação e Ensino Superior e Professora Catedrática do Instituto Superior Técnico, participou esta quinta-feira, dia 11 de novembro, na conferência internacional de lançamento da Estratégia dos Açores para o Espaço, um documento que promove a visão, missão e objetivos para dinamizar o setor aeroespacial na Região e que tem como principal objetivo transformar os Açores num hub transatlântico para as atividades aeroespaciais. A conferência decorreu em formato híbrido, a partir do Teatro Micaelense, em Ponta Delgada.
"A Estratégia dos Açores para o Espaço, que hoje tenho o prazer de debater convosco, é um salto de crescimento e ambição num caminho que tem vindo a ser percorrido, com sucesso, desde o final do século passado. Eu própria tive o privilégio de dar um pequeno contributo para esse trajeto. Em 2003, na qualidade de diretora-geral do Gabinete de Relações Internacionais da Ciência e do Ensino Superior, propus à Agência Espacial Europeia a possibilidade da instalação nos Açores da primeira estação de rastreio de satélites em Portugal. Mais tarde, já na qualidade de ministra, estive envolvida nas negociações com a ESA e com o governo regional, as quais possibilitaram a formalização do projeto, na Ilha de Santa Maria, em dezembro desse ano. Já na altura existia a clara consciência das condições excecionais dos Açores, nomeadamente em termos de características naturais e de localização, para todas as atividades ligadas ao setor espacial. E a ambição de fazer daquele projeto, não apenas um fim em si mesmo, mas o início de algo maior. É, por isso, com grande orgulho que testemunho a evolução que tem sido registada ao longo das duas últimas décadas", afirmou a eurodeputada na sua intervenção, que foi feita remotamente a partir do Parlamento Europeu em Bruxelas.
"Os Açores – e muito graças a estes Portugal – já entraram claramente na era espacial. E, como esta estratégia demonstra, estão prontos para voos ainda mais altos", prosseguiu, realçando como exemplos a intenção de implementar um programa internacional de lançamento de satélites, o projeto do Porto Espacial na Ilha de Santa Maria e ainda a ambição de levar para o arquipélago o vaivém Space Rider, da Agência Espacial Europeia. Mas esta Estratégia dos Açores para o Espaço, frisou, não assenta apenas em infraestruturas e equipamentos. É acompanhada de planos para o desenvolvimento de tecnologias relacionadas com o espaço, programas educativos, da capacitação e mobilização do Sistema Científico e Tecnológico dos Açores. E tem também claramente presente a dimensão da valorização destes investimentos em termos de crescimento económico e de criação de emprego.
A este nível, considerou Maria da Graça Carvalho, parece "particularmente relevante a atenção que é dada ao setor privado. A indústria espacial, como é reconhecido na Estratégia, tem vindo a mudar radicalmente nos últimos anos. A iniciativa, que antes era concentrada em organismos públicos, nacionais ou internacionais, passou a ser partilhada com os privados. Estes novos atores têm vindo a desempenhar um papel cada vez mais relevante. Não apenas como parceiros das agências espaciais, mas também, em muitos casos, como principais impulsionadores dos projetos. Este novo contexto abre um leque muito interessante de possibilidades para as regiões que dispõem das condições e fizerem os investimentos adequados para a economia do espaço. Uma forma interessante de atrair o interesse de atores privados poderá ser o seu envolvimento em parcerias com a União Europeia, através dos programas e outros mecanismos de financiamento comunitários".
Enquanto relatora do Parlamento Europeu para a nova geração de parcerias do programa-quadro Horizonte Europa, a eurodeputada sugeriu, como tem feito noutras ocasiões, um aumento da participação portuguesa nessas parcerias. "Portugal, embora tendo melhorado a sua participação nos programas científicos europeus, continua a ter uma presença débil nestas parcerias. E nada me deixaria mais satisfeita, até pela proximidade com que tenho acompanhado esta evolução no setor espacial, do que ver os Açores darem o exemplo ao país, envolvendo-se nestas parcerias", sublinhou. Entre essas parcerias, especificou, encontram-se várias com pontos de contacto com o setor espacial. "Desde logo a iniciativa relativa à Aviação Limpa, que visa desenvolver a futura geração de aviões comerciais, com níveis reduzidos de emissões de CO2. Mas também a parceria relativa às novas redes de 5G e 6G e a parceria sobre Computação de Alto Desempenho", exemplificou.