Maria da Graça Carvalho considera que Portugal “não está no grupo mais desejável”, no que concerne à aposta na inovação, e que em certos aspectos tem “vindo até a perder terreno”. A tomada de posição foi realizada num discurso no Fórum Produtividade e Inovação, organizado pela Associação Empresarial de Portugal (AEP), no qual a eurodeputada do PSD fez um diagnóstico da capacidade de inovação de Portugal, apresentando indicadores vários nesta área.
“De acordo com os dados do último Ranking Europeu de Inovação, da Comissão Europeia, ocupamos atualmente a 17ª posição entre os 27 Estados-Membros”, apresentou a eurodeputada. “Situamo-nos no grupo dos países «moderadamente inovadores», com uma percentagem de 85,8%, sendo os 100% o valor médio da EU”.
Para Maria da Graça Carvalho, o “calcanhar de Aquiles de Portugal”, que explica em grande medida o seu posicionamento abaixo da média europeia nos indicadores da inovação, é a “inexistência de um verdadeiro ecossistema favorável à inovação”, devido a uma elevada carga fiscal sobre as empresas e as pessoas, a um elevado grau de burocracia e a um mau funcionamento da justiça.
“Todos sabemos que não é fácil mudar uma cultura enraizada nestas matérias”, confessou. “Mas não podemos simplesmente encolher os ombros e conformar-nos com esta sina”. Isto porque “enquanto não removermos estes entraves à inovação, estaremos sempre um ou vários passos atrás dos outros, desperdiçando recursos”.
Para Maria de Graça Carvalho, Portugal, que gosta de ser conhecido na Europa como “bom aluno”, tem de começar a olhar para os outros Estados-membros, como a Irlanda, a Finlândia, a Suécia e a Bélgica, que nos últimos anos foram bem-sucedidos, e perceber “como estes países superaram as suas próprias condicionantes e se tornaram economias dinâmicas e competitivas, com índices de prosperidade e crescimento que todos gostaríamos de alcançar”.
“O que estes países fizeram foi criar, passo a passo, os ingredientes necessários a um ecossistema favorável à inovação”, rematou a eurodeputada, considerando que, tal como estes países, “temos de ter a coragem de saber identificar o que não resulta – o que há muito deu mostras de não resultar – e de apostar noutros caminhos”.
Apesar das advertências, a eurodeputada aproveitou ainda a intervenção para destacar alguns “aspectos positivos” da atuação portuguesa. Exemplo é o “enorme esforço” que Portugal fez “ao nível das qualificações da população”, onde se registou um “salto significativo no número de doutorados”, especialmente em termos de “igualdade de género”, ao ponto de as “mulheres terem suplantado os homens na percentagem de novos diplomados em todos os graus, da licenciatura ao doutoramento”.
Portugal possui ainda alguns “exemplos de superação” no seu território. “De acordo com o EU Regional Competitiveness Index 2022, da Comissão Europeia, o Norte de Portugal e a Madeira estão no top 3 das regiões europeias que mais evoluíram na competitividade desde 2019”.
“Se mudar é possível para alguns países e regiões, também é possível para Portugal no seu todo”, concluiu a eurodeputada do PSD.