Maria da Graça Carvalho admite que o futuro da Saúde na África não passa por “conceitos ultrapassados de caridade”, mas sim pela confiança, responsabilidade e desenvolvimento de capacidades. “O que é preciso fazer é criar um ecossistema em que os beneficiários estejam plenamente envolvidos, desde o desenvolvimento das tecnologias até aos aspetos comerciais”, defendeu a eurodeputada, reforçando a necessidade de se promover o acesso a vacinas, medicamentos e tecnologias de saúde nos países africanos.
A eurodeputada, que discursou no Eurafrican Forum, acredita ainda que o continente deve apostar em “parceiras público-privadas, diretrizes regulamentares e éticas sólidas, profissionais qualificados, infraestruturas e cooperação bilateral”. Neste sentido, referiu que o continente africano deve colocar o foco da sua cooperação na “investigação e inovação”, procurando criar pontes com “países europeus, individualmente” e “entre nações africanas”.
Em termos desta cooperação, a eurodeputada deu o exemplo da parceria entre a Europa e os Países em Desenvolvimento para a Realização de Ensaios Clínicos (EDCTP). Esta iniciativa partiu de um esforço conjunto de Maria da Graça Carvalho com o Governo de Moçambique, quando esta era Ministra da Ciência e do Ensino Superior em Portugal. A eurodeputada trabalhou depois também no EDCTP II, já no Parlamento Europeu.
Esta iniciativa, que investe neste “reforço das capacidades”, tem financiamento de grandes doadores internacionais, como a Fundação Bill e Melinda Gates, e já alcançou alguns grandes êxitos, como a realização de um “ensaio clínico de fase 3” para um novo tratamento para a tuberculose e avanços significativos numa nova vacina contra a malária.
“Com tudo isto em mente, não tenho dúvidas de que este é o caminho a seguir para melhorar as respostas no domínio da saúde nos países africanos”, concluiu Maria da Graça Carvalho. “Os desafios continuam a ser enormes. No entanto, estou otimista. Acredito que já estamos no caminho certo e que vamos continuar a avançar”, rematou.