Eurodeputados do Partido Popular Europeu (PPE) nas comissões ITRE e CULT reuniram-se esta quarta-feira com representantes das indústrias culturais e criativas, numa audição por videoconferência, para debater o presente e o futuro destes sectores, particularmente atingidos pela pandemia de COVID-19. No final do encontro, os eurodeputados apelaram a um “sopro de vida” para estas indústrias, realçando a sua importância na Europa.
“Sabemos que os efeitos da pandemia na indústria criativa foram devastadores, e isso provavelmente é um eufemismo”, declarou a eurodeputada do PSD Maria da Graça Carvalho durante a audiência do Grupo PPE com as partes interessadas na área.
“Talvez não percebamos que este é um campo em que lideramos globalmente. Podemos e devemos ter orgulho disso. Esta indústria está muito presente na vida dos nossos cidadãos e, certamente, será uma grande parte do nosso futuro. O setor cultural e criativo ajudará a Europa a cumprir seu papel globalmente porque, afinal, é uma mais-valia única para a Europa. Além disso, devemos ajudar esta indústria a adaptar-se à digitalização, mas o setor criativo também pode ser visto como um facilitador para novas tendências e recursos digitais”, declarou Christian Ehler, porta-voz do Grupo na Comissão da Indústria, Investigação e Energia do Parlamento Europeu.
A par da indústria do turismo, a OCDE identificou as artes, o entretenimento e a recreação como os setores de maior risco devido ao impacto da crise e às medidas de confinamento.
“A indústria criativa e cultural sempre foi uma prioridade para o Grupo PPE. Defendemos e conseguimos ter a indústria criativa e cultural como uma prioridade no programa-quadro Horizonte Europa”, lembrou Maria da Graça Carvalho.
De acordo com um relatório recente da Unesco, em março de 2020 a indústria cinematográfica global já tinha perdido 7 mil milhões de dólares em receitas e previa-se que perderia cerca de 160 milhões nos próximos cinco anos. Na indústria da música, uma paralisação de seis meses pode custar mais de 10 mil milhões de dólares em patrocínios. Em comparação com 2019, o mercado mundial de publicação de livros deverá ter encolhido 7,5% em 2020 como resultado do COVID-19.
“Tendo como pano de fundo esta perda colossal para esta indústria, apelamos aos governos da UE para dedicarem 2% do Plano de Recuperação da UE à indústria criativa e cultural. Nas muito recentes negociações com o Conselho de Ministros sobre o Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia, acrescentámos esta indústria como uma Comunidade de Conhecimento e Inovação”, acrescentou ainda a eurodeputada.