Em setembro, mês de regresso às atividades parlamentares, vi o meu trabalho de dias, meses e anos, em diferentes dossiês, dar muitos frutos. A Comissão Europeia propôs finalmente um carregador comum para dispositivos eletrónicos, algo que venho a defender há muito tempo. Nomeadamente em perguntas escritas, intervenções públicas ou através de uma resolução aprovada em janeiro do ano passado no Parlamento Europeu. Vi ser alcançado um acordo interinstitucional entre Parlamento, Comissão e Conselho sobre a parceria pública-pública na área da Metrologia, da qual sou relatora, a qual tem uma enorme importância para todos os processos de qualificação, verificação e validação de dados na União Europeia. Enquanto relatora sombra, em nome do grupo parlamentar do Partido Popular Europeu (PPE), vi ainda serem incluídas as alterações que introduzi no relatório: "Combater as Barreiras Não Pautais no Mercado Único".
Nas negociações da parceria sobre Metrologia, o Parlamento Europeu (PE) conseguiu fazer valer integralmente a sua posição. O acordo final salvaguarda aspetos fundamentais, como a acessibilidade e a transparência dos dados resultantes desta atividade. A aceitação da inovação metrológica pelo mercado, especialmente no território europeu, é uma dimensão fundamental que a parceria deve abordar. Devem ser reforçados vínculos com a ciência fundamental e todas as decisões devem ter um suporte científico sólido, também através da inclusão no grupo de orientação de especialistas escolhidos de forma independente. A proposta da nova parceria em metrologia valoriza uma ciência que beneficia todos os campos do conhecimento e afeta a sociedade e a economia como um todo.
Considero – e tenho repetido em vários fóruns e ocasiões – que a ciência é o futuro da Europa. Fiquei, por isso, surpreendida com o facto de o discurso do estado da União da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, proferido a 15 de setembro, em Estrasburgo, ter dado pouco destaque a este tema. Foi várias vezes referida a tecnologia, muito relacionada com a digitalização, com os microprocessadores, mas a ciência fundamental que, para mim, é decisiva para o futuro da União, não esteve presente neste discurso. Convém lembrar que foi a nossa capacidade científica, nomeadamente o trabalho desenvolvido ao nível da ciência fundamental, que nos deu a capacidade tecnológica que nos pode vir a salvar desta pandemia da Covid-19. As duas principais vacinas resultaram de projetos cofinanciados pelos fundos europeus de ciência e inovação. Como disse numa entrevista à TSF, durante a última sessão plenária de Estrasburgo, tenho muita pena de que a ciência tenha estado fora do discurso da presidente da Comissão Europeia.
Ainda na sede oficial do Parlamento Europeu, fiz uma intervenção em plenário sobre o Fit for 55, pacote legislativo apresentado pela Comissão com o objetivo de alcançar a meta de reduzir as emissões de CO2 em pelo menos 55% até 2030. O Fit for 55 é muito abrangente sobre regulamentação, padrões, tributação e preços de carbono. Mas insuficiente quando se trata do desenvolvimento de tecnologias limpas e acessíveis. As parcerias do Horizonte Europa, das quais sou relatora pelo PE, são apenas um exemplo de iniciativas que nos podem ajudar a desenvolver os recursos tecnológicos de que precisamos para atingirmos os nossos objetivos.
Mais recentemente, em Bruxelas, na Comissão da Indústria, da Investigação e da Energia (ITRE), da qual sou vice-coordenadora pelo PPE, questionei a comissária europeia para a Inovação, Investigação, Cultura, Educação e Juventude, Mariya Gabriel, sobre o papel do PE na negociação dos acordos de associação na área da Investigação e Inovação (importantíssimos na era pós-Brexit). E insisti na importância da participação dos eurodeputados em todas as fases do processo.
Em setembro continuei também as minhas intervenções sobre a grave situação que se vive no Afeganistão, após a retirada das tropas norte-americanas, a qual começara a acompanhar, como membro da Delegação do PE para as relações com a Ásia Central, logo em agosto. Fiz várias intervenções televisivas, na RTP, na TVI e no Porto Canal sobre o Afeganistão. Sublinhei a obrigação que a UE tem de ajudar os que consigo colaboraram durante anos no terreno, nos mais variados tipos de projetos de desenvolvimento. E não me cansei de alertar para as violações dos direitos fundamentais das mulheres e das crianças pelo novo regime talibã. Algo que é totalmente inaceitável. Do ponto de vista europeu. E humano.