O mês de junho deverá ser aquele em que eu e os restantes eurodeputados regressaremos às sessões plenárias, na sede oficial do Parlamento Europeu, em Estrasburgo. Entretanto, muito trabalho foi feito em Bruxelas. Na última semana de maio, apresentei à Comissão da Indústria, da Investigação e da Energia (ITRE) o meu relatório sobre as parcerias do Programa Horizonte Europa. E vi ser aprovado na mesma comissão, por larga maioria, o meu relatório sobre Computação de Alto Desempenho (EuroHPC). Em várias intervenções, presencialmente em Bruxelas ou via online, tenho enfatizado o papel da transição digital, da igualdade de género e da Inteligência Artificial na procura de soluções inovadoras e no aumento da competitividade europeia. E sublinhado a urgência de uma reindustrialização da Europa – e de Portugal –, imprescindível para o relançamento da economia depois da crise causada pela pandemia de Covid-19.
Numa dessas intervenções, na Comissão ITRE, questionei o comissário europeu do Mercado Interno, Thierry Breton, sobre a Estratégia Industrial da UE, agora revista. Como relatora do PE para as parcerias do programa-quadro Horizonte Europa, que abrange parcerias público-privadas e públicas – públicas , apontei para a necessidade de se promoverem mais sinergias e maior alinhamento estratégico entre as diferentes iniciativas da União.As parcerias com a indústria são o centro do desenvolvimento tecnológico e iríamos beneficiar se houvesse um melhor alinhamento, tanto com outras iniciativas da Comissão como com os Estados membros, no sentido de se conseguir massa crítica e de avançar mais rapidamente. Alertei ainda para a necessidade de se aumentar a capacidade de produção na Europa, nomeadamente na área-chave do digital, no que toca aos microprocessadores.
Os próximos dois a três anos têm um potencial enorme para a transformação da Indústria e da Economia, na Europa e em Portugal. Desde logo, em termos do financiamento que vai estar disponível. Teremos o Plano de Recuperação e Resiliência, os fundos europeus e os programas geridos diretamente a partir de Bruxelas, como o Horizonte Europa. Dentro do programa-quadro, as parcerias, já referidas, serão muito importantes para trazer mais investigação e inovação, que ajudarão a indústria a enfrentar diversos desafios. No seu conjunto, estas representam cerca de 50% do orçamento do Horizonte Europa, que é de 95,5 mil milhões de euros.
Só a parceria relativa à Computação de Alto Desempenho, já que agora foi aprovada pela Comissão ITRE e pelo Conselho, que será posteriormente votada em plenário, está avaliada em 8 mil milhões de euros. Ela visa dar a liderança à UE em termos de processamento de dados, criando uma rede poderosa de supercomputadores capazes de desempenhar um papel decisivo na abordagem de desafios como as alterações climáticas, a saúde e, precisamente, a transição industrial. Até agora, a iniciativa financiou a aquisição dos primeiros oito supercomputadores que estão a ser instalados em vários Estados membros, incluindo em Portugal. O nosso país já perdeu o comboio de algumas "revoluções industriais", com consequências que se fizeram sentir até aos dias de hoje e, por isso mesmo, não pode desperdiçar as novas oportunidades que agora surgem. É altura de o país fazer valer o privilégio que constitui pertencer a um Mercado Único Europeu, de encontrar caminhos dentro dos grandes pilares Verde e Digital, que irão nortear a Estratégia Industrial europeia. E de criar condições para que as empresas e a indústria portuguesas reclamem o seu espaço na Europa.