A União Europeia aprovou o seu maior programa de apoio à investigação científica e inovação de sempre, o Horizonte Europa, que é também o maior existente no mundo. Serão 95,5 mil milhões de euros, dedicados a ajudar-nos a encontrar respostas para alguns dos maiores desafios dos nossos dias.
As parcerias do Horizonte Europa, que absorvem uma fatia importante do programa-quadro, serão o tema ao qual dedicarei muito do meu trabalho no Parlamento Europeu ao longo dos próximos meses. São instrumentos com um enorme potencial transformador, abrangendo desde a investigação fundamental à demonstração em escala real. Mesmo que a escala em causa seja a de um avião Airbus.
Promovem o trabalho em conjunto da indústria e empresas em geral com as universidades e os centros de investigação. É nestas que se encontra o financiamento para o salto tecnológico necessário para a transição verde e digital e para uma maior resiliência da economia europeia.
Estas parcerias abrangem áreas tão diversas como ferrovia, aviação, microeletrónica, supercomputação biotecnologia e economia circular, os medicamentos e a saúde em geral.
Farão a ponte com as estratégias de cada um dos Estados membros e com os fundos europeus, nomeadamente o mecanismo de recuperação e resiliência, sendo por isso um importante promotor de articulação entre as políticas nacionais e as prioridades da União Europeia.
Em Portugal, nos anteriores programas-quadro, foram sobretudo as universidades e os centros de investigação que contribuíram decisivamente para que o país se tornasse um beneficiário líquido do investimento em ciência e inovação. Desde o Horizonte 2020, recebemos mais do que investimos. Mas ao nível das empresas o envolvimento continua a ser bastante modesto. Nomeadamente nas parcerias, que têm sido tradicionalmente muito vocacionadas para a grande indústria.
Um dos meus objetivos será contribuir, em Bruxelas, para que estas se tornem mais acessíveis a pequenas e médias empresas. Um passo importante para que países menos industrializados a nível europeu, como o nosso, possam aumentar o seu envolvimento.
Para que isso suceda, é igualmente fundamental que os benefícios da participação nestas parcerias, individuais e para a sociedade como um todo, sejam claros.
É preciso que se saiba, por exemplo, que participar na parceria de Saúde Global será ajudar a responder às doenças infecciosas, da sida a outras pandemias, que constituem ameaças coletivas para a humanidade. Tal como a Iniciativa de Saúde Inovadora pretende promover consórcios entre farmacêuticas, universidades e centros de investigação, de modo a desenvolverem novos métodos de prevenção, diagnóstico, tratamento e gestão de doenças.
É preciso que se saiba que a parceria sobre aviação limpa se destina a ajudar a indústria aeronáutica europeia a tornar os voos comerciais neutros em termos de emissões de CO2, combatendo as alterações climáticas e ao mesmo tempo preservando o nosso estilo de vida moderno. E que a parceria sobre hidrogénio limpo é a nossa melhor aposta para desenvolvermos a tecnologia que nos ajudará a substituir os combustíveis fósseis.
É preciso, enfim, que se saiba que estas parcerias estão no centro das nossas ambições para atingirmos os objetivos de 2030 em termos de clima e de digital. Sem estas, sem o Horizonte Europa, as grandes batalhas que temos pela frente seriam impossíveis de vencer.