Desde os videojogos da infância, fortemente dirigidos para os rapazes, à figura invariavelmente masculina dos génios de Silicon Valley, são raros os estímulos para as novas tecnologias que reflitam uma perspetiva feminina.
Esta visão do mundo digital tem o efeito concreto de afastar as mulheres. Em parte, porque, desde muito novas, são levadas a crer que este mundo não é para elas. Mas sobretudo porque a própria sociedade não as imagina nesse papel, o que se reflete nas escolhas académicas que fazem e na aceitação que encontram no mundo profissional.
Para citar apenas um dado do Eurostat, em Portugal as raparigas representam apenas 12% dos estudantes de Tecnologias da Informação e Comunicação. Uma percentagem ainda pior do que a já débil média europeia de 17%. O resultado é o menor acesso a uma área que está entre as que melhores perspetivas de carreira oferecem, e a reduzida participação num setor que está a moldar o mundo do futuro.
Esta quarta-feira, na Comissão FEMM – Direitos das Mulheres e Igualdade dos Géneros, no Parlamento Europeu, será discutido o relatório “Closing the Digital Gender Gap”, sobre a participação das mulheres na economia digital, do qual sou relatora. As propostas que apresento passam por medidas, das escolas às empresas, dos governos à comunicação social, que contribuam para se vencer esta nova discriminação de género. Teremos também, aproveitando a primeira Semana Europeia da Igualdade de Género no Parlamento, a presença de Manuela Veloso, professora de Ciências da Computação em Carnegie Melon, e uma das mentes mais brilhantes desta área. Nada como bons exemplos para acabar com os mitos.