Notícia de Angela Silva e Daniel do Rosário
Há ministros e ex-ministros na lista. De Peneda a Maduro, de Moreira da Silva a Gaspar. Se o resgate escorregar, muda tudo. Pode ser o PS a decidir.
Com eleições europeias em maio e a escolha do próximo elenco de comissários europeus a menos de um ano, a corrida aos nomes está lançada e a lista à direita engrossa. Há ministros, ex-ministros e eurodeputados no xadrez de possibilidades. O que permite antever que se uma crise política inesperada não interromper a legislatura - o que chamaria o PS à discussão -. Passos Coelho vai ter que gerir interesses vários na hora de escolher quem nos irá representar na Comissão Europeia após a saída de Durão Barroso.
Graça Carvalho, eurodeputada do PSD, diz que está "disponível para continuar em Bruxelas", ressalvando que, para tal, "há várias possibilidades e não só o Parlamento Europeu". O seu nome surge nos bastidores como uma possibilidade para Portugal disputar uma pasta com algum relevo. Acumula experiência no PE e na própria Comissão, onde foi durante anos conselheira de Durão.
O facto de o nosso rosto em Bruxelas ser há dez anos o presidente da Comissão Europeia, associado ao facto de o país se encontrar sob resgate, podem fragilizar as pretensões nacionais. A menos que um nome incontestável contorne a limitação que, à partida, tenderá a reservar-nos uma pasta 'menor'. Cada Estado-membro nomeia um comissário, o que faz com que o colégio conte com 27 elementos, além do presidente. E esta dimensão tem exigido criatividade na hora de inventar pastas para todos, o que faz que haja pelouros com peso muito díspar: Economia e Finanças, Concorrência, Mercado Interno, Transportes, Justiça e Direitos Fundamentais têm um aliciante evidente. O mesmo não se dirá do Clima, Saúde ou Política dos Consumidores.
Passos Coelho mantém este dossiê fechado, mas fontes governamentais admitem que "o lugar de comissário serve para muita coisa, até para premiar alguém".
O que poderá alimentar expectativas a alguns dos atuais e ex-colaboradores do primeiro-ministro. Vítor Gaspar, o ex-titular das Finanças, é visto como alguém capaz de conseguir para Portugal uma pasta de peso (a Concorrência é um exemplo). Bem como Miguel Poiares Maduro, o atual ministro-adjunto, que domina como poucos os dossiês e os canais em Bruxelas.
Jorge Moreira da Silva, ministro do Ambiente e Energia, é outro dos atuais governantes que dizem sonhar com o lugar. Passou pela ONU e por Bruxelas, tem uma boa relação com Barroso e com o primeiro-ministro e poderia agarrar uma pasta entre a Investigação e o Ambiente.
Uma área que também agradaria a Graça Carvalho. A eurodeputada defende que "mais importante do que discutir nomes é definir o perfil". Na sua opinião, deve conciliar "o conhecimento das instituições europeias" com o '"conhecimento da situação do país", além de garantir "força para defender as posições de Portugal".
É aqui que entra o nome de Silva Peneda, outra hipótese avançada ao Expresso por fonte social-democrata. O atual presidente do Conselho Económico e Social tem experiência governativa e teve uma passagem de cinco anos por Bruxelas, onde se destacou pela capacidade de construir pontes com a esquerda em temas sociais.
Igualmente com consolidada experiência na UE surge Carlos Coelho, eurodeputado há 14 anos e amigo pessoal de Passos, outro nome que fontes do PSD aconselham a não excluir da corrida. Paulo Portas também a terá ponderado num cenário de crise no Governo que o libertasse para a cena internacional, mas o PSD não aceitaria que Passos lhe desse o lugar. Por último, surge Maria Luís Albuquerque. Da total confiança do primeiro-ministro, a atual ministra das Finanças é alguém com quem Passos contará até ao fim da Legislatura. Mas também poderia ser uma das primeiras pessoas que o primeiro-ministro quereria recompensar se algo de imprevisto a levasse a sair antes do tempo.