Eurodeputados pediram a Merkel maís "solidariedade" para com os Estados-membros e uma política de crescimento em detrimento da austeridade.
Notícia de I.D.B., em Atenas
O presidente do Parlamento Europeu (PE) lançou ontem em Atenas quatro propostas para que os países do Sul possam recuperar o crescimento mas apontou como aposta-chave o combate ao desemprego jovem. Uma prioridade que praticamente todos os eurodeputados dos países do Sul da Europa apoiaram.
Juntos em Atenas (Grécia), na conferência internacional South for Growth (O sul para o crescimento), eurodeputados, jornalistas e peritos de Portugal, Irlanda, Grécia, Itália e Chipre debateram a forma de estes países - alguns com planos de resgate, como é o caso de Portugal - darem a volta à crise e iniciarem a rota do crescimento. O presidente do PE, Martin Schulz, deixou em Atenas quatro propostas: combate ao desemprego jovem, investimento bancário na verdadeira economia, nomeadamente nas PME, cooperação com os países vizinhos da orla mediterrânea e união bancária para que se reconquiste e confiança dos eurppeus.
À margem do encontro, aos jornalistas, o socialista e alemão Schulz insistiu, contudo, que a "mãe" de todas as prioridades deve ser a criação de emprego jovem porque este "será o primeiro passo" para a recuperação da Europa e, sobretudo, dos países do Sul. Uma opinião corroborada mais tarde na conferência pela eurodeputada Maria da Graça Carvalho, a única portuguesa presente no encontro. Para a eurodeputada do PPE, os países do Sul e a União Europeia no seu conjunto têm de apostar em áreas de criação de emprego, como a Educação e Ciência.
Sem deixar de vincar a importância da disciplina orçamental e das reformas estruturais, o presidente do PE pediu urgência na criação da união bancária, por ser na sua opinião "uma das bases mais importantes" para que se reconquiste a confiança.
E logo de seguida lançou à banca o desafio de injectar dinheiro na real economia, isto é, nas Pequenas e Médias Empresas. Schulz acredita que desta forma os países do Sul poderão sair da recessão e regressar ao crescimento.
"Os bancos que obtém empréstimos a 0,5% do BCE devem injectá-lo na economia real e não em produtos especulativos", avisou Martin Schulz, apontado nos bastidores europeus como o possível candidato dos socialistas à presidência da Comissão Europeia. Este financiamento ajudaria também à criação de emprego jovem, que os vários eurodeputados presentes reconheceram ser um dos principais problemas do Sul.
A conferência decorreu no dia em que estava inicialmente prevista a visita da 'troika' à Grécia, que também está sob programa de resgate, mas que acabaria por ser desmarcada. As relações entre o Governo grego e os credores internacionais têm estado tensas desde que a Grécia deu um murro da mesa e se recusou a cortes adicionais de dois mil milhões de euros.
Na conferência, vários eurodeputados deixaram avisos indirectos à Alemanha e Merkel, pedindo uma maior "solidariedade" entre todos os Estados-membros e uma política de crescimento em detrimento da insistência na austeridade. Certo é que as palavras crescimento, emprego e recuperação já começam a fazer parte de todos os discursos, bem como das agendas políticas dos países do Sul, que vêem nas elevadas taxas de desemprego dos respectivos países um sinal de alerta.