Já houve tempos em que as mulheres eram maioritárias na informática, mas hoje não chegam sequer a um quarto nas diferentes áreas das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). O problema começa no pré-escolar e estende-se durante o primeiro ciclo do ensino básico. Se não for resolvido nessas idades, é possível que o estereótipo de contornos potencialmente machistas se imponha – e boa parte das meninas acabe por acreditar que as tecnologias não são para elas.
Maria da Graça Carvalho, eurodeputada eleita pelo PSD e ex-ministra da ciência, garantiu a aprovação de dois relatórios no Parlamento Europeu que põem o dedo nessa longa e conhecida ferida do sector das tecnologias: apesar das mensagens que apelam à igualdade e da escassez de mão de obra especializada, apenas 17% dos alunos inscritos de cursos de TIC são mulheres (em Portugal são 12%).
A renitência das mulheres prejudica-as no acesso a profissões que figuram entre as mais bem remuneradas da atualidade, mas também se refletem no hardware e software que é desenhado à imagem do homem e menospreza intentos e necessidades das mulheres. Na Inteligência artificial, a escassa participação feminina pode ter um efeito tão ou mais perturbador. Maria da Graça Carvalho recorda que há equipas de programação e desenvolvimento aplicações que hoje transportam para os algoritmos uma certa maneira de ver o mundo.
O que pode prejudicar as mulheres na hora de verem os seus dados e serviços processados por máquinas. “Esses estereótipos estão lá todos! Na verdade, em vez de reduzir, essas equipas estão a replicar e a aumentar os estereótipos”, alerta a eurodeputada.
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