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Notícias | 25-01-2014

Editorial

Fica por saber se o ajustamento está a mudar para melhor o Estado e a estrutura produtiva do país. Resposta em 2016


Otimismo é a palavra de ordem no discurso político europeu e nacional por estes dias. Em Bruxelas, Durão Barroso não se cansa de apregoar que a crise do euro foi ultrapassada e que os programas de ajustamento estão a resultar. Em Portugal, Passos Coelho e Paulo Portas passam a mensagem de que os sacrifícios valeram a pena e que o país pode não necessitar de um programa cautelar.

As próximas eleições europeias são a razão destes discursos concertados - mas é um facto que eles também assentam em dados económicos que são agora mais positivos. Contudo, não será em 2014 que a melhoria chega aos bolsos dos cidadãos. A recuperação continuará a assentar nas exportações - e não será sustentada, como sublinha o FMI, enquanto não for apoiada também por um crescimento da procura interna. Mas esta vai continuar deprimida devido à manutenção da elevada carga fiscal sobre os contribuintes singulares, acrescida de novos cortes nas pensões e nos salários dos funcionários públicos.

Fica assim por saber se este ajustamento está a mudar para melhor o Estado e a estrutura produtiva do país, e se o reequilíbrio externo e a consolidação orçamental se mantêm sem assentar em cortes definitivos das pensões e salários. As respostas só virão em 2016.

Os modelos da ciência

Nunca se falou tanto de ciência em Portugal como nas últimas semanas. As notícias parecem contraditórias, porque tanto referem o sucesso de investigações, de captação de fundos internacionais e de atração de cientistas estrangeiros como mostram um corte abrupto de bolsas, recuos em investigações e emigração forçada de cientistas.

Não se pode dizer que a verdade esteja nas primeiras ou nas segundas notícias. Está nos dois 'lados', e isso decorre de um choque de modelos que a crise orçamental veio acelerar.

O fabuloso - não é exagero - crescimento da ciência nos últimos 20 anos assentou num modelo de que Mariano Gago foi o principal rosto e que foi seguido nos governos de Durão Barroso e Santana Lopes. Mas este Governo decidiu mudar o sistema, por razões que são legítimas mas discutíveis.

A principal razão para discutir a mudança é a do momento em que ocorre. Como explica de forma cristalina (pág. 21) a ex-ministra do PSD Graça Carvalho, o novo modelo "foi aplicado no momento errado", com muito desemprego qualificado e óbvia falta de recursos. É por isso que a discussão de modelos acaba por ser quase impossível de perceber.

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