Imprensa Ex-ministra quer garantir regresso dos 'cérebros' (DN)

Notícias | 06-03-2013

Investigação. Maria da Graça Carvalho defende bolsas para atrair investigadores  
 
Notícia de Patrícia Jesus, em Bruxelas
 
Travar a fuga de cérebros e dar condições para o regresso dos investigadores que abandonaram o País. É esse o objetivo da eurodeputada Maria da Graça Carvalho, que quer introduzir no próximo orçamento comunitário "bolsas de retorno" para incentivar os investigadores que estão a trabalhar fora da Europa a voltar. Ou para estimular os que trabalham nos Estados membros mais desenvolvidos a mudarem-se para os que têm mais dificuldades.  
 
A ex-ministra da Ciência e Ensino Superior considera "muito provável" que as recomendações do Parlamento Europeu (PE), das quais foi relatora, sejam aceites e realça o seu valor para países como Portugal. "Isso é muito importante para investigadores, por exemplo portugueses, que estejam espalhados pela Europa ou mesmo fora da Europa e que queiram regressar com apoio do Horizonte 2020" - o programa-quadro de apoio à investigação e inovação na União Europeia.  
 
A condição é serem profissionais de excelência, os chamados cérebros. A recomendação quer reverter a fuga dos países mais pobres da Europa, nomeadamente do Leste e do Sul, para os mais desenvolvidos e também para os Estados Unidos, já que estas bolsas podem ser usadas para atrair investigadores de outros países para instituições europeias, explica a eurodeputada. Outra proposta da ex-ministra é a de criar programas de geminação entre universidades e centros de investigação europeus, à semelhança dos que existem agora entre as universidades portuguesas e algumas instituições norte-americanas, como o famoso Massachusetts Institute ofTechnology (MIT) ou a Universidade de Camegie Mellon. As instituições teriam de juntar-se para se candidatar a financiamento, potenciando a inovação nos países mais atrasados.  
 
"É essencial que haja uma distribuição mais harmoniosa geograficamente dos fundos europeus para ciência e inovação, porque assiste-se neste momento, em vez de uma aproximação, a um desfasamento cada vez maior entre o centro da Europa e instituições muito competitivas e a periferia da Europa." É que a crise está a fazer que países como Portugal, Grécia e Itália fiquem para trás, e os indicadores mostram-no, acrescenta.  
 
Estas foram duas das medidas discutidas ontem nas negociações entre Parlamento Europeu, Comissão Europeia e Conselho Europeu, que ainda debatem a verba para a investigação do próximo orçamento. No último, a União Europeia canalizou 52 mil milhões de euros para este programa, mas para os próximos sete anos, já a partir de 2014, o Parlamento tinha pedido cem mil milhões. Ao que tudo indica, a verba deverá ser superior a 70 mil milhões.  
 
Para as universidades e os centros de investigação portugueses interessa sobretudo a capacidade de terem candidaturas bem-sucedidas aos apoios europeus, o que nem sempre é fácil devido à burocracia que estes processos envolvem, lamentou António Cunha, reitor da Universidade do Minho.  
 
A jornalista viajou a convite do Parlamento Europeu.  

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