Maria da Graça Carvalho participou esta sexta-feira, dia 10 de novembro, no 8º Forum Empresarial do Distrito de Aveiro, em Albergaria-a-Velha. A eurodeputada do PSD, que abordou a transição industrial e energética na indústria portuguesa, alertou para a necessidade de se dinamizar a indústria europeia, com políticas que garantam a sua autonomia e competitividade, de forma a prepará-la para a dupla transição: digital e energética.
“A dupla transição é um pilar fundamental da estratégia da União Europeia para o curto, médio e longo prazo”, afirmou. “A indústria, pelo papel preponderante que assume nas nossas economias, é um setor-chave nesta dupla transição. E, por isso mesmo, exige por parte dos legisladores e dos decisores políticos uma atenção especial”.
A indústria europeia sofreu recentemente duas crises consecutivas, que criaram uma espiral nos preços da energia: a da pandemia de COVID-19 e a da invasão da Ucrânia pela Rússia. A União Europeia tem procurado fazer vários esforços por este setor, de forma a ajudá-lo a fazer frente a estas crises. Exemplo é a Nova Estratégia Industrial revista, de que Maria da Graça Carvalho foi relatora, ou ainda a atual reforma do mercado elétrico europeu, em que a eurodeputada está envolvida. Os estados-membros foram também chamados a ajudar as suas indústrias, questão na qual, segundo a eurodeputada do PSD, o governo português falhou.
“O governo português reagiu tarde e com medidas de apoio à indústria claramente insuficientes, ao contrário do que aconteceu noutros países, como na Espanha. Em resultado disso, muitas empresas e muitos empregos foram perdidos”, afirmou.
Esta reação tardia é ainda mais perniciosa quando se tem em conta o perfil industrial português. Em Portugal, predominam as médias, pequenas e microempresas, com menos de 20 colaboradores, e que são grande parte do setor das indústrias transformadoras. O número de indústrias transformadoras já no passado sofreu vários golpes, devido a dinâmicas como a globalização, tendo perdido mais de 12 mil empresas entre 2003 e 2021, o que a torna num setor frágil.
Para Maria da Graça Carvalho, para fazer face às perdas, Portugal deve apostar em aproveitar o potencial da capacidade instalada das renováveis, valorizando o hidrogénio. O país deve ainda apostar no digital e na investigação científica e inovação, de forma a dotar os seus recursos humanos das competências necessárias. Tudo isto só será possível com uma revisão do financiamento público, de meios como o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), essencial para que a indústria portuguesa consiga realizar a sua transição industrial.
“Alguns setores industriais não têm ainda a tecnologia necessária para fazer a transição energética, pelo que será necessário disponibilizá-la. A cooperação entre universidades, institutos politécnicos, centros de investigação e empresas será mais importante do que nunca”, afirmou. “A cooperação será uma das palavras-chave. Cooperação intrassectorial e entre setores. Cooperação com as instituições de ensino e de investigação. Aqueles que forem capazes de fazer estas transformações, irão colher os frutos desse esforço, com menos despesa energética, com ganhos de produção e com maior capacidade de inovação”.