Atividade em Portugal Maria da Graça Carvalho defende que setores público e privado têm que absorver investigadores e cientistas

Atividade Académica | 03-02-2021

Maria da Graça Carvalho participou esta quarta-feira, dia 3 de fevereiro, no Webminar "Políticas Europeias de Ensino Superior, Ciência e Tecnologia", organizado pela Universidade da Beira Interior (UBI).  A eurodeputada do PPE participou no debate com a eurodeputada dos Socialistas de Democratas Maria Manuel Leitão Marques. A moderação ficou a cargo da professora Luísa Cerdeira. 

Na sua intervenção inicial a professora considerou importante que, apesar das limitações da Comissão Europeia, o plano de recuperação português possa ainda vir a incluir também o Ensino Superior. "No nosso plano de recuperação a área do Ensino Superior devia ter recebido mais atenção, porque o Ensino Superior é fundamental para a economia do nosso país. No passado, tudo o que é universidade, cantina, residência foi feito com fundos europeus. E agora há muitas instalações antigas que precisam de renovação. Seria importante repensar e incluir ainda o Ensino Superior no plano de recuperação económica".

A eurodeputada Maria Manuel Leitão Marques concordou com a máxima expressa na véspera pelo ministro da Ciência e do Ensino Superior Manuel Heitor, no sentido de ser preciso menos cimento e mais conhecimento, mas admitiu que o governo português tenha que estabelecer as suas prioridades de acordo com uma estratégia mais global.

"Mesmo em tempo de crise, é quem tem o melhor sistema de ciência montado, que está em vantagem na Saúde. E o facto de termos uma vacina europeia é prova disso", lembrou, por seu lado, Maria da Graça Carvalho, sublinhando a importância de "menos burocracia, mais investimento, para que haja transferência do que é desenvolvido para a sociedade. É preciso um ecossistema para que o desenvolvimento do conhecimento seja fluído, em todos os setores". 

Como travar a fuga de cérebros, de cientistas, em Portugal e na Europa?, questionou a moderadora Luísa Cerdeira. "Há vários fatores que explicam essa fuga, já desde o tempo da crise. No meu tempo, no [Instituto]Técnico, ficávamos sempre com o melhor aluno de cada curso, que são hoje professores catedráticos. Isso deixou de ser possível. Percebo a questão das finanças públicas, mas é preciso absorver estes cientistas. O setor privado também tem que absorver, há muito poucos doutorados no setor privado. É essencial que as empresas e o nosso setor privado comece a absorver os nossos investigadores. Não pode ser só o setor público. Uns vão e voltam. A circulação, só por si, não é má. A questão é que nós não temos uma circulação de talentos, temos é um êxodo", afirmou a professora Maria da Graça Carvalho.

"A Europa e Portugal têm esse problema. Investiga-se muito, financia-se muito e, na hora de passar o conhecimento para a inovação, os investigadores vão-se embora. Sabemos que é verdade que há um sistema hierarquizado que não deixa os mais novos brilhar. Isso é mau. E a Europa ainda é um bocadinho pesada nesta área. Os EUA são mais flexíveis e atraem mais talentos. Temos que atrair pessoas de fora, que venham em nome da segurança, dos serviços sociais, pois se isso não acontecer, mais tarde nós, os nossos filhos, os nossos netos, vamos pagar caro. Não podemos ficar dependentes apenas de um tipo de serviços, como o turismo, por exemplo. Temos que criar empregos. Nós vamos precisar de milhares de analistas de dados e não estamos a formá-los. Se não estamos a formá-los, não vamos tê-los e os que houver irão embora, para a Índia, para os EUA etc...", assinalou, por sua vez, Maria Manuel Leitão Marques. E constatou: "Há coisas que já estão a mudar. No setor privado. Mas deve mudar também no setor público".

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