Maria da Graça Carvalho, presidente do Instituto Sá Carneiro e eurodeputada do PPE, participou esta terça-feira, dia 23 de março, na 5ª edição das Sá Carneiro Talks, dedicada a debater a Covid-19 e o papel da Europa. O evento contou com a intervenção, em vídeo, do pneumologista Carlos Robalo Cordeiro, recentemente eleito para a presidência da Sociedade Respiratória Europeia, seguida de debate entre Maria da Graça Carvalho e os eurodeputados José Manuel Fernandes, Lídia Pereira e Cláudia Monteiro de Aguiar, com moderação de Maló de Abreu.
"Pela parte que me toca, diria que a minha intervenção se tem concentrado muito na questão dos recursos para o combate a esta pandemia e a prevenção de futuras crises, com uma enfâse muito grande na vertente da investigação científica", começou por dizer a eurodeputada, recordando que, em janeiro de 2020, na sessão plenária, instou pela primeira vez a Comissão Europeia a reforçar radicalmente o financiamento de atividades de investigação científica destinadas ao desenvolvimento de terapias e vacinas contra a doença. "Como sabemos", recordou, a resposta da Comissão foi tardia, surgindo apenas vários meses depois. Contudo, estou convencida de que as pressões exercidas por mim e por outros deputados do Parlamento Europeu foram importantes para forçar essa ação". Hoje em dia, sublinhou, "podemos afirmar que temos vacinas resultantes de investigação feita em território europeu, com fundos europeus, sendo a vacina da BioNtech/Pfizer o exemplo mais paradigmático.Tendo sido relatora do programa Horizonte 2020, que possibilitou a existência de laboratórios como a BioNTech, não posso deixar de sentir algum orgulho pelo que esta alcançou".
Falando do trabalho que tem sido desenvolvido nas comissões das quais é membro no Parlamento Europeu, Maria da Graça Carvalho explicou que, na Comissão do Mercado Interno e Proteção dos Consumidores (IMCO), tem havido "um trabalho de persistência junto do comissário europeu do Mercado Interno, Thierry Breton, no sentido de ser alavancada esta capacidade, através de iniciativas de joint procurement (compra conjunta). O sucesso até agora tem sido relativo, mas não desistiremos desta luta".
Atualmente, reconheceu a eurodeputada do PPE, existe "um problema de produção de vacinas. Um problema que se deve em boa medida a uma avaliação errada da capacidade instalada na indústria europeia". E especificou que, "a pedido da Comissão da Indústria, Investigação e Energia (ITRE), está nesta fase a ser feito o mapeamento da capacidade de produção da indústria europeia e laboratórios públicos. O objetivo será o aumento da produção de vacinas, por via da descentralização. A minha ação implica ainda um escrutínio intenso das farmacêuticas, as quais temos chamado com frequência às comissões especializadas".
Ex-ministra da Ciência e do Ensino Superior, Maria da Graça Carvalho realçou a importância do papel da presidência portuguesa do Conselho da UE e do Primeiro-Ministro António Costa que, em conjunto com o Parlamento Europeu e a Comissão Europeia deve encontrar solução para o problema da vacinação a nível europeu. "Este é, como disse desde o início, o grande desafio da presidência portuguesa. Na vacinação, a batalha está longe de ser ganha. Era preciso ver mais liderança da parte da presidência portuguesa", sublinhou.
Além de todas as medidas que possam ser tomadas para obrigar ao cumprimento dos contratos por parte das farmacêuticas, a eurodeputada lembrou, tal como fizera no início da sua intervenção nesta 5.ª edição das Sá Carneiro Talks, que é preciso "manter o foco na importância do investimento continuado na Ciência e Inovação".