A implementação eficiente da campanha de vacinação contra a Covid-19 em todos os Estados membros é o maior desafio da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia, considerou Maria da Graça Carvalho numa palestra dedicada ao tema, organizada esta quinta-feira à noite pelo Rotary Club de Setúbal. A eurodeputada notou que a presidência da Alemanha, que antecedeu Portugal, deixou grande parte do trabalho feito e dos grandes dossiês fechados, dando o exemplo da compra conjunta das vacinas, do Orçamento Europeu e da saída do Reino Unido do bloco europeu.
"Portugal herdou uma presidência que vai ser muito difícil mas cujos grandes problemas já começaram a ficar resolvidos. É preciso agora assegurar que não há atrasos na distribuição das vacinas. A presidência tem que ter a certeza que os sete contratos assinados com as farmacêuticas continuam a ser cumpridos. É preciso também negociar com as farmacêuticas para que o fabrico das vacinas seja mais rápido do que está nos contratos. Há a tentação da compra individual por parte de alguns Estados membros, mas é preciso assegurar que tudo é feito em conjunto", afirmou Maria da Graça Carvalho, durante a sua intervenção.
"Entre os outros desafios da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia contam-se a implementação do plano de recuperação, que deve ser acelerado, com Parlamentos nacionais e regionais a votar esse plano. É preciso ultrapassar as burocracias europeias e nacionais para que os financiamentos cheguem rapidamente às empresas e às pessoas. Eu gostava que o financiamento chegasse às empresas e às pessoas ainda durante a presidência portuguesa. É preciso que as pessoas comecem a sentir o efeito dessa ajuda económica. Há Estados que podem ir adiantando já alguma ajuda", declarou a eurodeputada, membro do Partido Popular Europeu (PPE).
Portugal, sublinhou Maria da Graça Carvalho, terá ainda que gerir o dia a dia do Brexit, ou seja, a efetivação, ao pormenor, do divórcio do Reino Unido da UE. Há ainda dezenas de programas setorias que têm que ser finalizados, há outros novos que têm que ser lançados e implementados e há ainda a tarefa de manter os Estados membros comprometidos com temas como a Transição Digital ou o Green Deal.
A eurodeputada notou que as prioridades anunciadas publicamente pela presidência portuguesa do Conselho da UE parecem alinhadas com os objetivos da UE, nomeadamente os pilares da resiliência europeia (menos dependente do exterior), da Europa verde, digital e global. Também a dimensão social da Europa é uma prioridade importante dos portugueses, pois diz respeito a dossiês como o da luta contra o desemprego e suas consequências, contra as desigualdades, a pobreza e a exclusão social.
Na intervenção que fez nesta palestra organizada pelo Rotary Club de Setúbal, a ex-ministra da Ciência e do Ensino Superior sublinhou, porém, que gostaria de ver ser dado mais reconhecimento, a nível europeu, a questões urgentes, nomeadamente na área da Saúde. Isso inclui uma melhor cooperação em termos de investigação na área da Saúde e, por exemplo, o lançamento da Agência de Investigação Biomédica. "Portugal é ambicioso na área das vacinas, mas é preciso também tornar a área da Saúde, a longo prazo, mais europeia" sublinhou a eurodeputada do PSD.