Work in Portugal "Só em conjunto conseguimos fazer face aos desafios da Saúde", alertou Maria da Graça Carvalho

Faro | 07-05-2021

Maria da Graça Carvalho participou esta sexta-feira, dia 7 de maio, na conferência “O que a Europa faz pela saúde dos europeus?”, organizada pela CCDR Algarve, Centro Europe Direct Algarve e Universidade do Algarve, no âmbito das comemorações do Dia da Europa (que se assinala a 9 de maio). A eurodeputada do PPE foi convidada a intervir no painel “As respostas da União Europeia na área da Saúde e o Novo Programa UE pela Saúde", juntamente com Margarida Marques, eurodeputada dos S&D, Artur Furtado, da Direção-Geral de Saúde da Comissão Europeia e Isilda Gomes, Membro efetivo do Comité das Regiões da União Europeia e presidente da Câmara Municipal de Portimão. A moderação do debate ficou a cargo da jornalista Elisabete Rodrigues.

"Tradicionalmente, as políticas de Saúde têm sido consideradas matérias da exclusiva responsabilidade de cada Estado membro. Mas a verdade é que a pandemia nos empurrou, no bom sentido, para patamares de cooperação como nunca tinham existido. A negociação conjunta do desenvolvimento e distribuição das vacinas contra a Covid-19, com todas as imperfeições que o processo conheceu, foi um marco muito importante, porque demonstrou que, também na Saúde, somos mais fortes quando enfrentamos os problemas em conjunto. Precisámos de menos de um ano para chegarmos a uma vacina contra a Covid-19. Levámos 43 anos para chegar lá com o Ébola. Dezasseis com a Hepatite B. A Europa teve um papel decisivo neste processo. E este foi o resultado de um nível de preparação muito melhor. Principalmente graças ao investimento em investigação científica de base", assinalou a eurodeputada, no decorrer da sua intervenção.

A vacina BioNtech é um exemplo importante, sublinhou Maria da Graça Carvalho, chamando a atenção para a forma como se chegou a ela. "A tecnologia envolvida, não inicialmente orientada para um fim específico, foi apoiada pela União Europeia, através de bolsas do European Research Council. Investimos em conhecimento puro e isso deu-nos o caminho para uma solução. Mesmo antes de sabermos que precisaríamos de uma", declarou, constantando que apesar de tudo é necessário ampliar as capacidades europeias. "Não esqueçamos que, embora a UE tenha financiado originalmente a BioNtech, esta teve de se associar a uma multinacional americana, a Pfizer, para poder dar o próximo passo. A Europa precisa de mais investimento, e de mais cooperação, para transformar o conhecimento em produtos e soluções. Para criar o ecossistema de inovação certo, que nos permitirá levar rapidamente as respostas aos pacientes", disse. 

Na Europa, notou, "só em conjunto conseguimos fazer face aos desafios da Saúde. Porque estes são efetivamente problemas de todos. Precisamos dessa articulação para acabarmos de vencer esta pandemia, acautelando sobressaltos como novas mutações do vírus. E temos de aplicar essa mesma filosofia a várias outras patologias que reclamam milhões de vidas europeias todos os anos. Como o cancro. Como as doenças cardiovasculares".  E é aqui, frisou, "que se inserem estratégias como o EU4Health (UE para a Saúde)". 

Ex-ministra da Ciência, Inovação e Ensino Superior, a eurodeputada reafirmou que a investigação científica é uma parte muito importante deste processo. "O Horizonte Europa, aprovado na semana passada, tem a investigação na Saúde como uma grande prioridade. Nos relatórios em que sou relatora, nomeadamente o do Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia (EIT), demos grande prioridade aa saúde. Assim como nas parcerias estratégicas, em que há duas focadas na área. A Saúde Global e a Medicina Inovadora. Nestas, devo dizer que a participação portuguesa no passado foi muito reduzida. Um aspeto a melhorar. Um dos pontos que incluo sempre nestes relatórios é o das sinergias entre o que se faz a nível comunitário e o que se faz a nível nacional e regional. Isso é importante em todas as áreas, mas ainda mais na área da investigação científica biomédica. Tenho, aliás, esperança de ver nascer uma verdadeira agência para a coordenação da investigação feita nesta área a nível europeu", sublinhou Maria da Graça Carvalho. 

 

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