Maria da Graça Carvalho, vice-coordenadora do Grupo do PPE na Comissão da Indústria, da Investigação e da Energia (ITRE), fez esta terça-feira uma intervenção em plenário durante uma sessão de perguntas à Comissão Europeia sobre a importância estratégica das renováveis, das interligações da energia e da eficiência energética. Sessão essa que foi solicitada pelos eurodeputados do PSD no Parlamento Europeu, com o apoio do Grupo do PPE e, precisamente, da ITRE.
"A Europa precisa urgentemente de alternativas à importação de gás proveniente da Rússia. Uma possibilidade é intensificar a entrada de gás natural liquefeito, aproveitando, por exemplo, os terminais existentes na Península Ibérica. Mas para isso precisamos de reforçar a interligação dos Pirenéus. Quais são os planos da Comissão para ajudar a que este projeto progrida rapidamente?", perguntou a eurodeputada do PSD à representante da Comissão Europeia que esta terça-feira esteve presente no plenário, em Estrasburgo, a comissária europeia da Energia Kadri Simson.
"Comparado com a anterior crise energética, de 2009, quando a Rússia cortou o gás à Ucrânia, nós temos hoje uma rede energética bastante impressionante. Muitos dos terminais energéticos estão situados na Península Ibérica e as interconexões não são boas. Nós mapeámos as possíveis rotas alternativas para cada Estado membro que depende do gás russo e, de facto, a Península Ibérica tem em falta a interconexão com a França. O que pedimos aos nossos operadores de gás foi para mapearam as possíveis obstruções que não nos permitem usar a capacidade existente", respondeu Kadri Simson, esclarecendo que não se está apenas a mapear as insfraestuturas de gás, mas também a dar prioridade às energias renováveis, pois são o futuro. "Vamos dar prioridade máxima às renováveis, onde podermos substituir o gás pelas renováveis, especialmente na geração de energia, devemos fazê-lo, porque isso nos ajuda a livrar das importações. Substituir as importações que fazemos da Rússia, com a nossa própria produção, é algo que é bom para a nossa economia. E ajuda-nos a lembrar quais são os compromissos que todos assumimos para 2050 e para 2030. É por isso que o RepoweEU irá financiar, não só projetos de gás, mas também de renováveis".
Na segunda parte da intervenção, Maria da Graça Carvalho, engenheira de formação, Professora Catedrática do Instituto Superior Técnico e ex-ministra da Ciência, Inovação e Ensino Superior, alertou que mapear é importante, sim, mas não é suficiente. "É preciso um roteiro muito concreto, com procedimentos e fundos, por forma a impulsionar tanto a eficiência energética, como as renováveis e as interconexões, especialmente a dos Pirenéus", afirmou a eurodeputada, insistindo em perguntar à comissária quando é que pensa ter estas ações concretas para apresentar.
Kadri Simon respondeu que haverá propostas em duas semanas, no âmbito do RepoweEU, admitindo que há um grande desafio na Península Ibérica. "Portugal e Espanha não estão interligados de forma suficiente, mas neste momento daria prioridade às interconexões de eletricidade, pois um novo gasoduto pode demorar e não ir a tempo da preparação do próximo período de grandes necessidades de aquecimento. Daí ser preciso coordenar a energia que vem em embarcações, entre os terminais energéticos que, até recentemente, não estavam a trabalhar na sua total capacidade. Onde consigamos produzir eletricidade, evitando o gás natural, devemos fazê-lo", concluiu a comissária, ex-ministra estónia das Infraestruturas e dos Assuntos Económicos.