Maria da Graça Carvalho, eurodeputada e vice-coordenadora do Grupo do PPE na Comissão da Indústria, da Investigação e da Energia (ITRE), participou esta terça-feira, dia 22 de março, num debate com o secretário de Estado francês para a Transição Digital, Cédric O., no qual este apresentou as prioridades da presidência francesa do Conselho da UE para a área do Digital.
"Quero aplaudir a sua intervenção. Concordo plenamente consigo na questão de se colocar em primeiro lugar a inovação, e com a necessidade de a Europa criar um ecossistema de inovação para o digital. Na União Europeia somos muito bons a construir as molduras legais sobre os valores e a ética da ciência e das novas tecnologias, mas ainda temos fragilidades nos ecossistemas de inovação, principalmente no ecossistema de inovação digital", declarou a ex-ministra da Ciência, Inovação e Ensino Superior e Professora Catedrática do Instituto Superior Técnico.
"Concordo inteiramente consigo que a inovação é talento, capital e mercado, e enfatizou bem o mercado, mas também penso que precisamos bastante do talento. Temos talentos, mas talvez ainda não sejam os suficientes, por isso temos de apostar nas competências, temos de investir mais na investigação cientifica, em especial nas tecnologias emergentes e críticas e também nas infraestruturas. Não temos ainda as infraestruturas de topo necessárias para o digital, tais como a computação de alto-desempenho", afirmou a eurodeputada, relatora do Parlamento Europeu para a parceria público-privada sobre Computação de Alto Desempenho (HPC).
"Estamos atualmente a investir nisto, mas até agora eramos bastante fracos nas competências, investigação, infraestruturas, criando também as condições para que o setor privado investisse mais em investigação cientifica. Em conjunto com o capital e o mercado, isto será muito importante, tão importante como a regulamentação, tão importante como os outros pilares dos valores e da ética. Temos de fazer tudo simultaneamente, não deixando para trás a inovação no setor digital porque estamos a perder esta corrida face aos Estados Unidos e outras partes do mundo", notou Maria da Graça Carvalho, que é também membro suplente da Comissão Comissão do Mercado Interno e da Proteção dos Consumidores (IMCO) do Parlamento Europeu.
Na fase de respostas aos eurodeputados, o secretário de Estado francês, Cédric O., afirmou:
"O fator mais importante, em primeiro lugar, que poderá determinar o sucesso do ecossistema de inovação, são os talentos e a União Europeia exporta imensos talentos para os EUA ou para Leste, onde são mais bem pagos. Nós treinamos esses talentos e, em seguida, eles vão para o estrangeiro. A Europa está a tentar, de forma significativa, reverter essa tendência, não apenas por causa da qualidade da investigação ou dos sistemas de segurança social, mas porque estamos a entrar numa era dourada em que, tal como estamos a fazer em França, queremos reter os nossos talentos. Temos que formar ainda mais. E isso em toda a Europa. Porque isso afetará o nosso poder e o nosso crescimento. Em segundo lugar, penso que temos uma coisa muito poderosa, que é o mercado europeu, o primeiro mercado do mundo, com um número de regras. Por isso tivemos tanto sucesso com o RGPD, pois mesmo as grandes empresas de tecnologia americanas, se querem entrar no mercado europeu, têm que seguir as nossas regras".