Maria da Graça Carvalho, eurodeputada do PPE e membro efetivo da Comissão Especial sobre Inteligência Artificial na Era Digital (AIDA), participou esta terça-feira, dia 9 de novembro, na discussão do relatório preliminar "Inteligência Artificial na Era Digital", que tem como relator o eurodeputado Axel Voss, tendo enfatizado a necessidade de aumentar as competências digitais de toda a população - e não apenas entre os especialistas - e de ter maior igualdade de género nesta transformação digital acelerada.
A Comissão AIDA iniciou os seus trabalhos em setembro de 2020 e, durante o seu mandato, foi incumbida de explorar o impacto da Inteligência Artificial (IA) na economia da UE e nos seus diferentes setores, analisar a abordagem da IA de países terceiros e traçar o caminho a seguir. Desde o ano passado, a AIDA organizou várias audiências sobre tópicos que vão desde o impacto da IA no setor da saúde até a IA nos transportes. As perceções recolhidos nesses diferentes eventos alimentaram o relatório preliminar. O relatório final deverá ser entregue na próxima primavera.
Leia abaixo a intervenção da eurodeputada na íntegra:
"Muito obrigada,
Quero dar os parabéns ao relator pelo excelente trabalho. Gostei especialmente do foco no atraso do qual a União Europeia tem de recuperar em relação aos Estados Unidos, à China e ao Sudeste Asiático, identificando e promovendo soluções e recomendações de políticas ao nível das infraestruturas, investigação científica e investimentos. Temos um grande problema no que respeita à escala desta necessidade de investimentos, que se reflete nas empresas que por vezes têm de sair da União Europeia para poderem crescer.
No que toca às competências, eu separaria a população em geral dos especialistas, sendo que precisamos de uma grande ênfase em ambos: as competências básicas da nossa população e a necessidade de muito mais especialistas na Europa. Gostaria também de ter visto o relatório colocar uma grande ênfase na necessidade de atrair mais mulheres para esta área. Uma das razões pelas quais temos um número reduzido de especialistas europeus na Inteligência Artificial é o facto de apenas cerca de 20% dos estudantes desta área serem mulheres. Precisamos de atrair mais mulheres para o Digital, de forma geral, e para a Inteligência Artificial em particular.
No que toca ao RGPD [Regulamento Geral Sobre a Proteção de Dados], dou os parabéns ao relator por ter suscitado esta questão. Precisamos de o revisitar, pelo menos no sentido de chegarmos a uma interpretação comum, porque atualmente existem diversas interpretações, em diferentes Estados-Membros, em diferentes instituições. Mesmo nos Estados Unidos, durante a nossa recente visita a Washington, verificámos que eles têm uma interpretação muito restritiva do RGPD, o que está a criar alguns problemas. Acontece em certos setores, pelo menos nos que eu conheço melhor, em alguns setores da investigação científica, como a investigação na Saúde – o cancro pediátrico, a transferência de dados sobre crianças. Por isso, o relator Axel Ross demonstra uma enorme coragem pessoal ao afirmar que precisamos de repensar e de revisitar este regulamento. Parabéns, Axel!"