A eurodeputada Maria da Graça Carvalho participou esta segunda-feira, dia 6 de dezembro, na audição pública “The New ERA for Research and Innovation”, organizada pela Comissão da Indústria, da Investigação e da Energia, da qual é vice-coordenadora pelo grupo parlamentar do Partido Popular Europeu (PPE).
A audição pública sobre o novo Espaço Europeu de Investigação (ERA, na sigla inglesa) cobriu tópicos como:
- a necessidade de dar prioridade aos investimentos e as reformas necessárias na investigação e inovação, na direção das transições verde e digital, para apoiar a recuperação da Europa;
- a necessidade de fortalecer a mobilidade dos investigadores e o livre fluxo de conhecimento e tecnologia através de uma maior cooperação entre os Estados membros;
- a necessidade de aumentar a aceitação pelo mercado dos resultados da investigação e inovação e melhorar o acesso à excelência para os investigadores em toda a UE.
E contou com a participação de quatro peritos convidados:
- Magdalena Król, professora, cirurgiã veterinária e diretora do laboratório independente de investigação sobre o cancro no Instituto de Biologia da Universidade de Varsóvia;
- Karen Maex, reitora da Universidade de Amesterdão;
- Paula Eerola, vice-reitora da Universidade de Helsínquia;
- Olga Roig-Herrera, responsável pela internacionalização no Centre de Recerca Ecològica i Aplicacions Forestals (CREAF).
Na sua intervenção, Maria da Graça Carvalho, que falou em nome do Grupo do PPE, lembrou que o Parlamento Europeu apoia o novo ímpeto dado ao Espaço Europeu de Investigação pela Comissão Europeia, sublinhando que o mesmo deve assentar em valores como:
- liberdade de investigação científica e académica;
- ética e integridade científica, também à luz do exponencial desenvolvimento tecnológico dos últimos tempos;
- inclusão e integração da dimensão de género;
- reciprocidade, abertura e cooperação internacional:
- apoio às carreiras dos investigadores;
- capacitação para a investigação na Europa, nomeadamente a nível das infraestruturas;
- investimentos, tanto na investigação fundamental, como para possibilitar que os resultados da mesma cheguem à sociedade e à economia, criando um ecossistema de inovação que, em muitas partes da Europa, ainda não existe.
A eurodeputada do PPE questionou ainda os peritos sobre o papel do European Innovation Council (EIC), das sinergias com os fundos regionais, com os fundos dos PRR ou com os fundos que os Estados membros gerem a nível nacional, realçando que, no que toca ao Horizonte Europa, de cujas parcerias foi relatora em nome do Parlamento Europeu, se sublinhou muito essa necessidade de haver sinergias. Sinergias essas que, em seu entender, podem tornar mais fácil o processo de fazer chegar os resultados da investigação fundamental à sociedade.
Em resposta a Maria da Graça Carvalho, a professora Magdalena Król disse que o EIC é uma boa ideia e que, certamente, irá candidatar-se a esse tipo de financiamento. "Mas todos terão que perceber qual a situação do desenvolvimento das novas tecnologias nas ciências vivas. É um processo muito moroso, que leva pelo menos 10 anos, que começa com investigação muito básica, depois in vitro, in vivo, estudos, fase pré-clínica e depois os estudos clínicos. É muito fácil conseguir financiamento para a fase básica. Mas é muito difícil conseguir financiamento para conseguir passar da fase pré-clínica para a dos ensaios clínicos. Para conseguir também dados para os primeiros testes com humanos. Não há apoios para esta transição. Muitas vezes os investidores e as farmacêuticas dizem para voltarmos ao contacto quando tivermos os resultados de testes com humanos. Mas como é que uma start-up vai conseguir isso? Não têm condições. Depois é preciso haver infraestruturas e centros de produção. E não há dinheiro para esse tipo de equipamentos".