Maria da Graça Carvalho, eurodeputada do PPE e membro da Comissão dos Direitos das Mulheres e da Igualdade dos Géneros (FEMM), presidiu esta quinta-feira, dia 22 de abril, ao evento "Diversity in Tech". Organizado pelo European Internet Forum (EIF), do qual é igualmente membro, o evento coincidiu com as comemorações do Dia Internacional das Raparigas nas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC).
Na sua intervenção, a eurodeputada chamou a atenção para o trabalho que tem desenvolvido no Parlamento Europeu, na luta contra os estereótipos e a desigualdade de género na área do digital. "Se os dados recolhidos e usados para o desenvolvimento da Inteligência Artificial (IA) forem tendenciosos por género, os resultados também serão tendenciosos. É necessário coletar dados mais precisos e desagregados por sexo e, se necessário, aplicar técnicas modernas de desmotivação de aprendizagem das máquinas. Devido a preconceitos, a IA pode afetar a igualdade de género em vários campos, desde saúde, educação, comércio, etc....", afirmou.
A ex-ministra da Ciência, Inovação e Ensino Superior chamou ainda a atenção para a necessidade de "ter equipas diversificadas, ex-ante, de software developers e engenheiros, trabalhando ao lado dos principais atores do setor da educação, da cultura e do audiovisual, a fim de evitar que preconceitos de género, raça e cultura sejam inadvertidamente incluídos nos algoritmos da IA, dos sistemas e das App". Promover a participação de diversos grupos de cidadãos, por exemplo no desenvolvimento da IA, "aumentaria a facilidade de uso, a transparência e o uso não discriminatório da IA", sublinhou. "Equipas com diversidade cognitiva resolvem problemas mais rápido do que equipas cognitivamente semelhantes", assinalou.
Aproveitando a celebração do Dia Internacional das Raparigas nas TIC, Maria da Graça Carvalho recordou que "menos de 3% das adolescentes nos Estados membros da UE expressam interesse em trabalhar como profissional de TIC aos 30 anos, apenas 17% de todos os estudantes de TIC na UE são mulheres e apenas 22% dos profissionais de IA globalmente, são mulheres, em comparação com 78% dos homens". É, por isso necessário "incentivar a participação das mulheres em empregos técnicos e de alto nível, superando as barreiras educacionais desde o início, bem como as barreiras profissionais, garantindo a aprendizagem digital ao longo da vida para as mulheres".
A eurodeputada recuperou algumas das recomendações contidas no seu relatório "Colmatar o fosso digital entre homens e mulheres: participação das mulheres na economia digital", aprovado por larga maioria no Parlamento Europeu, no início deste ano. Nesse sentido, disse, é fundamental "ter mais modelos e aumentar o número de mulheres em cargos de liderança no setor das TIC", é importante que "as empresas de TIC introduzam práticas de recursos humanos que promovam a diversidade, como o equilíbrio de género em cargos de gestão média e sénior e nos Conselhos de Administração das empresas" e é urgente "desenvolver mecanismos e programas para integrar mulheres e raparigas em iniciativas de educação, treino e emprego no setor do digital, IA, cibersegurança e CTEM [Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática]".