A eurodeputada do PSD Maria da Graça Carvalho, defendeu hoje, num debate especial na Comissão da Indústria, Investigação e Energia (ITRE) dedicado às implicações para o setor energético da invasão da Ucrânia pela Rússia, que a Comissão Europeia tem de reabrir o dossiê da chamada interligação de gás dos Pirenéus, um projeto envolvendo Portugal, Espanha e França que atualmente não consta da lista de Projetos de Interesse Comum (PCI) da União.
Numa reunião que contou com a participação da Comissária Europeia da Energia, Kadri Simson, a eurodeputada começou por referir-se à agressão militar desencadeada por Vladimir Putin, e às ilações que a Europa não pode deixar de retirar da mesma: “Tão cedo não voltaremos a confiar na Rússia. E não se fazem negócios, muitos menos se mantêm relações de dependência, com aqueles em quem não confiamos”, afirmou.
Para Maria da Graça Carvalho, “a independência energética da União Europeia já era urgente antes da invasão da Ucrânia por Putin. Agora tornou-se numa prioridade absoluta”. E a resposta passa por acelerar a chamada transição energética, mas, também, por salvaguardar a segurança energética dos europeus no curto e no médio prazo. “Temos de investir de forma decidida no desenvolvimento de energias mais limpas, acessíveis para os consumidores e empresas. Mas temos também de considerar o papel das energias de transição, em especial o gás”, alertou.
E foi nesse sentido que referiu o projeto envolvendo Portugal, que não consta das duas últimas listas de PCI divulgadas pela Comissão Europeia. “As cadeias de abastecimento e interligações são muito importantes. E queria deixar aqui um apelo para que seja novamente considerada, nos projetos de interesse comum, a interligação dos Pirenéus”, disse. “Este projeto permitiria diversificar a origem do gás natural importado para a Europa, tirando partido dos terminais de gás natural liquefeito existentes em Portugal e Espanha. Terá igualmente um interesse estratégico para o futuro, tendo em vista o transporte do hidrogénio”, acrescentou. O potencial da Península Ibérica para a importação de gás para a Europa foi também referido pelo coordenador do Partido Popular Europeu na ITRE, Christian Ehler.
Refira-se que toda a delegação do PSD no Parlamento Europeu tem estado ativamente empenhada em recolocar este tema na agenda. No início de 2020, depois de ter sido divulgada a quarta lista dos PCI (atualmente já é conhecida a quinta lista), os eurodeputados social-democratas questionaram imediatamente a Comissão Europeia sobre a exclusão da ligação de gás envolvendo o nosso país. Na altura, a Comissão atribuiu essa decisão a objeções levantadas pelos outros países envolvidos (Espanha e França). Na presente situação, a delegação do PSD está a mover todos os esforços para que a questão dos preços da energia, a segurança do abastecimento e as interligações, nomeadamente dos Pirenéus, sejam discutidas já na sessão plenária da próxima semana, em Estrasburgo.