Maria da Graça Carvalho participou esta quarta-feira, dia 17 de março, num debate sobre tecnologia industrial europeia e o projeto GAIA-X subordinado ao tema "Can GAIA-X transform Europe’s industrial tech?". O evento foi organizado pelo Science Businness, do qual a eurodeputada do PPE é membro do Conselho Estratégico Tecnológico. E contou igualmente com a participação de Antoine Petit (CEO do Centre national de la recherche scientifique), Jaana Sinipuro (diretora de projeto do Fundo Finlandês para a Inovação Sitra), Hubert Tardieu (presidente do Gaia-X), Jeroen Tas (diretor de Inovação e responsável de Estratégia do Royal Philips) e Gail Cardew, conselheira e membro do Science Business. A moderação do debate ficou a cargo de David Pringle, jornalista do Science Business.
O Gaia-X resulta da decisão das duas maiores potências europeias, Alemanha e França, em unir esforços para criar uma alternativa ao domínio norte-americano e chinês no fornecimento de serviços de cloud. A ideia franco-alemã não é a de criar uma empresa para concorrer diretamente com as gigantes Amazon Web Services e Microsoft (EUA) ou Alibaba (China), mas sim uma plataforma que agregue a infraestrutura cloud de dezenas de empresas europeias e se torne num hiperscaler, termo que se refere às soluções tecnológicas altamente escaláveis.
Na sua intervenção, Maria da Graça Carvalho assinalou que o Gaia-X, embora seja um projeto iniciado por dois dos principais Estados Membros da UE, está agora a espalhar-se por toda a Europa e é, em princípio, feito para a liderança da Europa e a soberania digital. A eurodeputada do PPE considerou que o Gaia-X tem muito a ganhar em interligar-se com iniciativas comunitárias financiadas pelo orçamento europeu, como o Horizonte Europa e as suas parcerias. Relatora de 11 dessas parcerias, a eurodeputada do PSD destacou essencialmente três delas: Computação de Alto Desempenho (EuroHPC), Tecnologias Digitais Essenciais e Redes e Serviços Inteligentes.
"O EuroHPC será essencial para dar acesso ao poder computacional de que precisamos para fazer a diferença e devemos trabalhar intensamente para estruturar o ecossistema industrial em torno desses supercomputadores. Outras parcerias, nomeadamente as Tecnologias Digitais Essenciais e as Redes e Serviços Inteligentes serão também cruciais para dar origem às tecnologias e cadeias de valor europeias para começar a construir tijolos para atingir um bom nível de autonomia industrial", declarou a ex-ministra da Ciência e do Ensino Superior.
Questionada sobre como pode a Europa ser efetivamente independente a nível digital, Maria da Graça Carvalho considerou que "a melhor maneira de ser resiliente e estrategicamente autónomo é investir em boas condições para a investigação na Europa, na educação, em infraestruturas. Como se viu no caso da vacina contra a Covid-19, no apoio que tinha sido dado já ao trabalho de investigação da BioNTech , isso funciona mais do que se nos fecharmos. Não basta sermos melhores do que os outros, mas devemos cooperar com os outros".
Um dos problemas da Europa, frisou a eurodeputada, "é a falta de competências no digital, precisamos de mais especialistas na área, engenheiros informáticos, investigadores". Mas, alertou, "há outra vertente, muito importante, que são as capacidades básicas da população para o digital. O digital é o novo ler e escrever. Os Estados membros devem usar parte dos fundos dos seus programas de recuperação e resiliência na literacia e na competências da população para o digital. Alguns países, como o meu, vão dar formação à população para que as competências digitais sejam uma realidade para todos".