Public Interventions Maria da Graça Carvalho frisou a importância do hidrogénio para Portugal em seminário do INEGI
Maria da Graça Carvalho, eurodeputada e vice-coordenadora do Grupo do PPE na Comissão da Indústria, Investigação e Energia do Parlamento Europeu, foi esta sexta-feira, dia 23 de setembro, uma das oradoras convidadas do seminário "RePowerEU: Instrumento de Aceleração das Oportunidades do Hidrogénio?", organizado pelo INEGI, na Fundação Cupertino Miranda, no Porto.
"A transição energética é um processo fundamental nos tempos atuais. A UE iniciou este percurso em 2006, quando a Comissão Barroso adotou a primeira estratégia destinada a integrar os objetivos energéticos e climáticos.Desde então, temos assistido a um crescimento constante das energias renováveis, à redução da intensidade energética da nossa sociedade e à melhoria da eficiência energética sistémica. No entanto, a componente “segurança de abastecimento” contida na proposta inicial, foi esquecida com graves consequências para a independência energética da Europa. Hoje, estamos certos da necessidade de acelerar os nossos esforços para uma economia mais verde, mas também mais digital e modernizada. E que devemos fazê-lo com fontes de energia mais sustentáveis, mas também através de metas claras para integrar fontes de energia renováveis e incluir todos os vetores energéticos possíveis no nosso mix energético", começou por dizer a eurodeputada, que foi conselheira principal do presidente da Comissão Europeia Durão Barroso nas áreas de Ciência, Ensino Superior, Inovação, Investigação, Energia, Ambiente e Mudanças Climáticas, entre 2006 e 2009.
Na apresentação que fez, através de um vídeo previamente gravado que enviou para o evento, Maria da Graça Carvalho concentrou-se em quatro tópicos principais:
- a importância da investigação e da inovação;
- o RePowerEU e o lugar do hidrogénio;
- o hidrogénio em Portugal;
- e os preços da energia.
"O desenvolvimento duma sociedade de hidrogénio exigirá investimentos elevados e consistentes na Investigação Científica e na Inovação, cobrindo toda a cadeia de abastecimento e de valor do hidrogénio. Há uma necessidade crescente de combinar esforços públicos e privados. E considero muito relevante a parceria público-privada sobre o hidrogénio, denominada Hidrogénio Limpo, no atual programa-quadro Horizonte Europa, da qual fui relatora", afirmou, explicando como é que, com a guerra na Ucrânia, o hidrogénio ganhou ainda mais importância.
"A crise causada pela Rússia, e a nossa necessidade de reduzirmos a dependência da UE face a esse país, conduziram-nos ao pacote legislativo e de medidas Repower EU. Neste, o hidrogénio ganha um papel reforçado. É assumido como um facilitador essencial, especialmente para os setores difíceis de descarbonizar, como a indústria pesada e os transportes. O plano RePowerEU reforça uma série de aspetos para revitalizar os investimentos da União e dos Estados membros nas capacidades de hidrogénio, através de um aumento da ambição da Diretiva das Energias Renováveis (RED3), que terá como meta 10 milhões de toneladas de produção de hidrogénio renovável na UE e a mesma quantidade de importações até 2030; um aumento das submetas de uso de hidrogénio na indústria e transportes na RED3; através de fundos adicionais (200 milhões de euros) para duplicar o número de vales de hidrogénio (agora são 23) através da [referida] parceria europeia do Hidrogénio", detalhou Maria da Graça Carvalho. Portugal, frisou, "está muito bem colocado na transição energética e a sua estratégia energética é vista como um exemplo para muitos Estados membros. O hidrogénio é muito importante no nosso país".
Sobre atual escalada dos preços da energia, principalmente devido à guerra da Rússia contra a Ucrânia, a eurodeputada do PSD sublinhou que "a inflação, ditada pela subida dos preços da energia, é hoje a maior preocupação dos europeus". A resposta, considerou, deverá ser uma resposta europeia, articulada e solidária, diversificando as fontes de energia e reduzindo o consumo de gás e eletricidade". Em seu entender, as soluções passam, por exemplo:
• pela compra conjunta de gás;
• pelo desenvolvimento de infraestruturas de transporte de energia.
• pela aposta no hidrogénio como importante vetor energético.
• e por medidas de suporte aos consumidores domésticos e industriais.
"Situações de crise como a presente, exigem medidas de emergência. Nomeadamente uma intervenção no mercado. Esta deverá ser temporária, reversível e coordenada a nível europeu. As possíveis consequências devem ser bem avaliadas", voltou a frisar Maria da Graça Carvalho.