Maria da Graça Carvalho, eurodeputada do PPE e membro da Comissão Especial sobre Inteligência Artificial na Era Digital do Parlamento Europeu, participou esta segunda-feira, dia 12 de abril, numa conversa online sobre formas de colmatar o fosso de género na área do digital com a ministra do estado federado da Baviera para os Assuntos Digitais, Judith Gerlach.
"No meu relatório - “Colmatar o fosso digital entre homens e mulheres: participação das mulheres na economia digital” - que foi aprovado em janeiro deste ano - pretendemos abordar as causas da desigualdade de género existente no digital, refletir sobre os dados disponíveis e propor medidas e ações concretas (na forma de recomendações à Comissão, aos Estados membros e à sociedade em geral) para promover a participação de mulheres e raparigas na economia digital", começou por explicar a eurodeputada, falando em seguida sobre o facto de, nos seus tempos de juventude, ter sido uma de duas mulheres que entraram no curso de Engenharia Mecânica no Instituto Superior Técnico em Portugal. O resto era tudo homens.
A ex-ministra da Ciência, Inovação e Ensino Superior considera que, para ter mais raparigas a enveredar pelas áreas das TIC e das CTEM, é muito importante haver pessoas que elas possam identificar como modelos a seguir. Seja entre as professoras, seja entre membros da sua família ou até entre figuras públicas das mais variadas áreas. "É muito importante ter mais modelos e aumentar o número de mulheres em cargos de liderança no setor das Tecnologias da Informação e Comunicação", afirmou, enquanto a ministra da Baviera dava a conhecer programas de incentivo lançados pelo seu governo para atrair mais raparigas para a área do digital, como o #BayFid : Bayerns Frauen in Digitalberufen.
Falando de boas práticas em Portugal, a eurodeputada do PSD lembrou uma experiência que está a ser realizada no Fundão, em que a Câmara Municipal decidiu tornar a formação em código acessível tanto a raparigas como a rapazes. "Estou muito curiosa para, daqui a uns anos, ver os resultados deste programa", afirmou.
Questionada sobre a mensagem que gostaria de deixar às raparigas que têm vontade de seguir carreira na área do digital, a Professora Catedrática voltou a frisar a importância de se acabar com a discriminação, desde logo no seio das famílias. "As famílias devem encarar com naturalidade e dar o mesmo acesso às novas tecnologias tanto aos rapazes como às raparigas. É preciso abandonar a ideia errada de que este tipo de carreira é só para homens. A Europa precisa mais do que nunca de mulheres neste setor: a perda de produtividade anual para a economia europeia devido ao abandono do emprego digital pelas mulheres é estimada em 16,1 mil milhões de euros; no futuro, espera-se que mais de 90% dos empregos requeiram algum grau de e-skills e literacia digital - as mulheres não podem ficar para trás", frisou a eurodeputada.