Maria da Graça Carvalho, eurodeputada do PSD e vice-coordenadora do Grupo do Partido Popular Europeu na Comissão da Indústria, Investigação e Energia do Parlamento Europeu, participou esta quinta-feira, dia 27 de outubro, em mais uma mesa redonda da edição "A Energia em Debate", organizada pela Associação Portuguesa da Energia, com o tema "Transição Energética: Desafios para a Gestão do Sistema Elétrico".
Desde a primeira vez em que se falou numa Estratégia Europeia de Energia, no tempo em que Durão Barroso era presidente da Comissão Europeia, as grandes prioridades eram o combate às alterações climáticas, a competitividade da economia com base em energias limpas e a segurança do abastecimento. Ora, esta última foi ficando esquecida. É importante e urgente completar o Mercado Interno de Energia que, entre outras coisas, passa por uma rede elétrica que cubra todo o território da Europa. Isso ainda não acontece. A Península Ibérica, por exemplo, não está suficientemente interligado ao resto da Europa. E não é caso único. Para a Península Ibérica é muito importante, nos dois sentidos, para podermos também exportar energia com base em renováveis. Temos defendido, ao longo dos últimos anos, as interligações. Estavam planeadas três interligações, duas nos Pirenéus e uma no Golfo de Biscaia. A ideia e os acordos com França e Espanha para ter estas interligações ja vêm de alguns anos e várias cerimónias de assinatura desses acordos foram realizadas. A França sempre teve alguma resistência", começou por constatar Maria da Graça Carvalho, na sua intervenção.
"Na semana passada, tivemos um acordo entre Portugal-Espanha-França em relação a um gasoduto que iria ligar Barcelona e Marselha e, no futuro, estaria preparado também para transportar hidrogénio. O acordo alcançado diz que irão ser estudadas as alternativas para a rede elétrica e isso suscitou questões sobre se se ia deixar cair as interigações elétricas. Vamos aguardar para ver. A polémica esteve muito à volta do que é que ia acontecer a interligações que nós consideramos essenciais. Percebemos que o gás terá que ser usado, durante algum tempo, ainda como energia de transição, mas não gostámos que se chamasse "corredor verde" a este projeto, só porque tem um único troço habilitado para transportar hidrogénio. O gasoduto só será verde quando todo ele conseguir transportar hidrogénio. E isso requer um enorme investimento e soluções de engenharia", reforçou a eurodeputada do PSD e engenheira mecânica de formação, nesta conferência, que decorreu em formato remoto.
Nesta mesa redonda, moderada por José Sarilho, da Future Energy Leaders PT, participaram ainda:
- António Albino Marques, Diretor de Relações Institucionais, REN e Coordenador para a Região da Europa Continental do Comité de Operações, ENTSO-E;
- Pedro Carvalho, Professor Catedrático na Área Científica de Energia, Instituto Superior Técnico (IST).