Maria da Graça Carvalho, eurodeputada do PSD e vice-coordenadora do Grupo do Partido Popular Europeu na Comissão da Indústria, Investigação e Energia do Parlamento Europeu (ITRE), participou esta sexta-feira num debate sobre as medidas que a União Europeia pode tomar para fazer face à atual crise do aumento dos preços da Energia, que foi promovido pelo Gabinete do Parlamento Europeu em Portugal, em formato online.
Questionada pelo jornalista Luís Reis Ribeiro, do 'Dinheiro Vivo', sobre quais os próximos passos que vão ser tomados a nível do Parlamento Europeu, neste dossiê, a eurodeputada respondeu:
"Vamos ter, na próxima semana, em Estrasburgo, um passo importante, pois estamos a negociar uma resolução que avalia as propostas da Comissão para proteger os consumidores e empresas do aumento dos custos da energia. O Grupo do PPE aprovou já a sua posição e vai debater, com os outros grupos políticos, o que fazer, mas temos medidas em quatro grandes grupos:
- como achamos que é esta é muito uma crise de equilíbrio entre oferta e procura, é preciso aumentar a produção de energia, diversificando as fontes de energia, tentando reduzir, ao mesmo tempo, o consumo. A redução do consumo está ligada por exemplo à eficiência energética, sobretudo dos edifícios, o que em Portugal é um problema. É também preciso comunicar com a população, de forma eficaz, sobre qual a melhor forma de poupar energia. É preciso um conjunto de ações, tanto por parte das empresas de energia, como das autarquias, etc...
- somos da opinião de que o auxílio aos consumidores deve estender-se à classe média;
- consideramos que devem existir pacotes específicos de ajuda à indústria, pensando em indústrias com a do vidro e a da cerâmica, tão importantes para países como Portugal. Ajudar estas indústrias é também ajudar as pessoas, pois é estar a salvaguardar postos de trabalho;
- o Grupo do PPE defende o mercado e, por isso, consideramos que as intervenções no mercado devem ser cautelosas. Intervenções no mercado devem ser temporárias, reversíveis, com as suas consequências bem estudadas. Por exemplo, com o máximo do preço do gás devemos ter em atenção as dificuldades de abastecimento no futuro. Este é o ponto em que há mais polémica."
Maria da Graça Carvalho, relatora-sombra do Parecer da Comissão dos Direitos das Mulheres e da Igualdade dos Géneros à Comissão ITRE no relatório sobre a revisão da Diretiva da Eficiência Energética, lembrou: "Esta crise dos preços da energia começou antes da guerra da Rússia contra a Ucrânia. Esta crise começou com o aumento do consumo na Ásia. Estamos, portanto, aqui numa situação de concorrência".
A eurodeputada do PSD, que é também membro da Comissão do Mercado Interno e da Proteção dos Consumidores no PE, sublinhou ainda que é contra a ideia de impor taxas sobre os lucros excessivos, uma vez que o lucro excessivo se encontra no Estado e que não há forma de garantir, sem margem para dúvidas, que qualquer taxa a ser imposta não acabaria por recair sobre os consumidores finais.
Este debate promovido pelo PE em Portugal, no qual participaram também os eurodeputados Carlos Zorrinho (S&D) e João Pimenta Lopes (GUE/NGL), aconteceu no mesmo dia em que os ministros da Energia dos 27 se reuniram num Conselho extraordinário para tentar, uma vez mais, fechar um acordo político em torno de uma intervenção de emergência face à escalada dos preços na energia.