Maria da Graça Carvalho, eurodeputada do PPE, participou esta quarta-feira, dia 7 de abril, na conferência “Inovação em Saúde: Não deixar ninguém para trás”, organizada pela APIFARMA e pela EFPIA, no âmbito da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia.
Esta conferência procurou, de forma colaborativa, fomentar o debate e apresentar soluções que promovam a competitividade da Europa, o acesso aos cuidados de saúde e a investigação e desenvolvimento de inovação. Tudo em benefício de uma Europa mais global, mais resiliente, mais competitiva e mais sustentável.
A eurodeputada participou no painel "Beneficiar do impacto total da Ciência nos resultados em Saúde dos doentes - Como pode a União Europeia assumir a liderança?", juntamente com Richard Barker, Fundador e Presidente da Metadvice & Especialista em Ciências da Vida e Saúde, Yann Le Cam, Diretor Executivo da EURORDIS - Doenças Raras Europa, Maria do Carmo Fonseca, Presidente da Direção do Instituto de Medicina Molecular (IMM) “João Lobo Antunes” e Presidente da RNA Society e Bruno Sepodes, Vice-Presidente do Comité de Medicamentos de Uso Humano (CHMP) da Agência Europeia do Medicamento (EMA).
Na sua intervenção, Maria da Graça Carvalho começou por dizer que uma das grandes lições da pandemia da Covid-19 é que "vale a pena investir em investigação". Referindo-se à apresentação feita por um dos oradores anteriores, a eurodeputada afirmou que ficou "orgulhosa ao olhar para o slide que nos mostrava o tempo que demorou para desenvolver uma vacina Covid-19. Menos de um ano! Levámos 43 anos para chegar lá com o Ebola. Dezesseis com a Hepatite B. Este é o resultado de um nível de preparação muito melhor. Principalmente graças ao investimento em investigação. A vacina da BioNtech é um exemplo importante. A tecnologia envolvida, não estava inicialmente voltada para um propósito específico, foi financiada por uma bolsa do European Research Council. Investimos em conhecimento puro e isso forneceu-nos o caminho para uma solução. Mesmo antes de sabermos que precisaríamos de uma. Acho que não serão necessárias mais provas de como é importante manter um investimento forte e consistente em investigação".
No entanto, lembrou, resposta europeia à Covid-19 também mostrou que há muitos outros domínios que precisam de melhorias. "Precisamos ampliar as nossas capacidades. Não nos esqueçamos de que, embora a UE tenha financiado originalmente a BioNtech, ela precisou de se associar a uma empresa americana, a Pfizer, para poder dar o próximo passo. Precisamos melhorar a nossa cooperação na área da investigação científica em Saúde, tanto no interior da União Europeia, entre os Estados membros, como com o resto do mundo. Além disso, precisamos melhorar os níveis de coordenação. Entre os diferentes projetos de investigação e entre a Ciência e os próprios sistemas de Saúde. Precisamos repensar a estrutura de algumas carreiras, criando incentivos para profissionais que sejam investigadores e também profissionais de saúde no ativo".
Acima, de tudo, precisou a ex-ministra da Ciência, Inovação e Ensino Superior, "diria que a Europa precisa de um ecossistema bem preparado para a inovação na Saúde. Um ecossistema possibilitado por sólidos investimentos, eliminação de barreiras burocráticas e combate à fragmentação do mercado".
A eurodeputada deu ainda destaque à questão dos dados na área da Saúde, a qual considera da maior relevância. "Os dados de saúde são outro grande problema na União Europeia. Simplesmente não temos sistemas eficientes para recolher e partilhar esta informação, tanto a nível nacional como em toda a UE". E deu o exemplo do que se passa no seu país. "Em Portugal, um dos problemas que hoje enfrentamos é como lidar com a informação prestada pelos cidadãos que fazem o autoteste para o coronavírus. Não temos uma instituição centralizada para reunir todas essas informações. Em vez disso, existem diferentes autoridades, com diferentes métodos e registos". E quando o problema é vista à escala europeia, frisou, "os desafios são ainda maiores".
É preciso uma estratégia clara para os dados na área da Saúde. "No fim de contas, o nosso objetivo deve ser desenvolver o conhecimento e usá-lo para fornecer soluções acessíveis, económicas e eficientes para todos os nossos cidadãos", concluiu.