Maria da Graça Carvalho defendeu esta terça-feira, dia 24 de agosto, a necessidade de uma maior participação na transição digital em curso, sobretudo por parte das mulheres, numa altura em que estas "ainda representam apenas 22% dos profissionais e 17% dos estudantes na área das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) na União Europeia (UE)". A eurodeputada do Partido Popular Europeu (PPE) e membro suplente da Comissão dos Direitos das Mulheres e da Igualdade dos Géneros (FEMM) falava na EU Summer School for Female Leadership in the Digital Age (Escola de Verão para a Liderança Feminina na Era Digital), que foi organizada pela Huawei e decorreu no Hotel Tivoli, em Lisboa.
"A transição digital está em marcha e terá um efeito profundo nas nossas vidas. Precisamos de mais especialistas nas áreas do Digital. Além disso, precisamos de uma formação digital para profissionais de todas as áreas, pois essas competências estão a tornar-se tão fundamentais quanto saber ler e escrever. Não faz diferença se se é jornalista, advogado ou médico. Todos precisarão dessas competências. Ninguém pode desconsiderá-las. O digital será o terreno comum de todas as profissões", alertou a Professora Catedrática do Instituto Superior Técnico, lembrando que "no futuro, espera-se que mais de 90% dos empregos requeiram algum grau de e-skills e literacia digital". E, aí, sublinhou, as mulheres não podem ser deixadas para trás. Não podem ser excluídas dos empregos com salários mais elevados, que dão acesso, posteriormente, às melhores reformas.
O debate sobre a inclusão das mulheres, assinalou a eurodeputada, ganhou ainda maior relevo com a crise gerada pela pandemia da Covid-19. A educação é, como sempre, uma das chaves, considerou a ex-ministra da Ciência, Inovação e Ensino Superior. "Acredito que precisamos de lidar com esse problema desde a educação infantil e abordá-lo em todas as etapas do desenvolvimento. Um inquérito recente mostra que menos de 3% das adolescentes nos Estados membros da UE manifestam interesse em trabalhar como profissional das TIC. No meu país, Portugal, temos feito esforços consistentes ao longo dos anos para atrair mais raparigas para a ciência e temos tido um sucesso razoável nesse esforço. Especialmente em CTEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) . Não tanto nas TIC, onde os nossos problemas são semelhantes aos enfrentados pelo resto da Europa", constatou.
Autora do relatório "Colmatar o fosso digital entre homens e mulheres: participação das mulheres na economia digital", aprovado em janeiro pelo Parlamento Europeu, a eurodeputada, que é engenheira mecânica de formação, referiu a necessidade de ter mais mulheres na liderança das empresas e de os empregadores, nomeadamente os das áreas do Digital, contratarem mais mulheres e promoverem um maior equilíbrio entre vida familiar e profissional. "Os financiadores também devem reforçar as oportunidades para mulheres empresárias na área de TIC e Digital", afirmou. "O mundo, especialmente a Europa, precisa de mais gente no Digital", sublinhou.
Maria da Graça Carvalho foi uma das oradoras principais convidadas para este evento, na esperança de que o seu discurso possa inspirar adolescentes e mulheres a enveredarem pelas áreas das CTEM, TIC e Digital. Nesta primeira edição da Escola de Verão para a Liderança Feminina na Era Digital, que decorre entre os dias 23 e 27 de agosto na capital portuguesa, 27 candidatas dos 27 Estados membros da UE (não apenas vindas das CTEM, mas de qualquer outra área) aprenderão com uma grande variedade de especialistas de topo, competências necessárias para prosperar no mundo pós-Covid. O qual será, como foi dito do discurso da eurodeputada do PSD, definido pela transição digital.