Maria da Graça Carvalho, eurodeputada do PSD e ex-ministra da Ciência, Inovação e Ensino Superior, foi esta terça-feira uma das oradoras convidadas da III Cimeira das Regiões da Saúde, que decorreu no Funchal, Madeira. A eurodeputada falou no painel “Macaronésia, Europa das Regiões e a Saúde” e fez uma comunicação sobre o tema "Cooperação Europeia e Mundial no setor da Saúde".
"Tradicionalmente, na União Europeia, as estratégias de Saúde têm sido encaradas como um tema da competência exclusiva dos Estados membros. As exceções são a investigação científica e os cuidados transfronteiriços. Mas esse paradigma está a mudar, na sequência da pandemia de Covid-19", começou por dizer a eurodeputada, que participou remotamente no evento, a partir de Bruxelas.
"No início desta crise sanitária, o primeiro impulso de muitos países europeus foi tentarem negociar individualmente as soluções de que precisavam. Mas foi quando nos unimos, principalmente na questão da compra conjunta das vacinas, que começámos a ganhar a luta contra a pandemia. Uma luta que, sublinhe-se, ainda não terminou. Ainda exige o nosso esforço e atenção. Enquanto o acesso às vacinas não tiver sido assegurado em todo o mundo, enquanto não estiverem disponíveis, de forma generalizada, os medicamentos que nos permitirão baixar significativamente a gravidade desta doença entre os mais frágeis, ninguém pode descansar. Esta é, aliás, uma das grandes lições que retiramos da pandemia. Só estaremos verdadeiramente seguros e preparados quanto estivermos todos, sem exceção, seguros e preparados", sublinhou a eurodeputada, que é vice-coordenadora do Grupo do PPE na Comissão da Indústria, da Investigação e da Energia (ITRE).
A consciência desse facto, frisou Maria da Graça Carvalho, traduz-se nos esforços que estão atualmente a ser feitos para a construção de uma verdadeira União Europeia da Saúde. A medida mais imediata, exemplificou, foi o lançamento da nova Autoridade da União Europeia de Preparação e Resposta a Emergências Sanitárias (HERA). A Estratégia Farmacêutica é outra novidade nas iniciativas da Comissão Europeia. O Plano Europeu de luta contra o Cancro é também outro compromisso muito significativo no âmbito da União Europeia da Saúde. Um dos aspetos em que é mais notória a falta de resposta a necessidades médicas prende-se com as doenças raras, alertou a eurodeputada, que tem participado em inúmeros eventos e iniciativas relacionadas com esta questão.
"Enquanto uma das relatoras do programa-quadro Horizonte 2020, na minha anterior passagem pelo Parlamento Europeu, propus o lançamento do Programa Europeu Conjunto para as Doenças Raras. Esta será sempre uma vertente em que os esforços de financiamento público terão de ser elevados, nomeadamente ao nível da investigação científica e da inovação. Igualmente importante será a cooperação entre os Estados membros. Só assim será possível envolver e mobilizar o setor privado", afirmou, enfatizando a importância de ter repostas partilhadas também nas áreas das doenças cardiovasculares ou das doenças autoimunes.
"É necessário haver mais articulação e cooperação na investigação científica no setor da saúde. Não apenas no plano europeu como em termos globais. Este é o aspeto em que tenho concentrado os meus esforços no Parlamento Europeu, no que respeita às políticas de saúde. Ao nível das União Europeia, há muito que venho defendendo a criação de uma entidade que coordene os fundos europeus alocados à investigação no setor da saúde. Mas essa ambição deve ser global. Temos de trabalhar em conjunto para resolvermos desafios comuns. Um dos projetos aos quais me orgulho de ter estado associada, desde os tempos em que fui ministra, é a Parceria entre a Europa e os Países em Desenvolvimento para a Realização de Ensaios Clínicos (EDCTP). Esta iniciativa, que passou agora a chamar-se de “Saúde Global” na nova geração de parcerias europeias, das quais sou relatora, tem revelado um valor acrescentado extraordinário. Basta recordar que esteve envolvida no desenvolvimento da vacina contra a malária, em crianças de países da África Subsariana, que recentemente foi aprovada pela Organização Mundial de Saúde", explicou Maria da Graça Carvalho, relatora do Parlamento Europeu das parcerias estratégicas do programa-quadro Horizonte Europa, durante a sua intervenção.