Maria da Graça Carvalho, eurodeputada do PPE e vice-coordenadora da Comissão da Indústria, da Investigação e da Energia (ITRE), foi uma das oradoras convidadas do Congresso Portugal Exportador, que decorreu esta quinta-feira, dia 11 de novembro, em formato híbrido, a partir do Centro de Congressos de Lisboa.
Ex-ministra da Ciência, Inovação e Ensino Superior e Professora Catedrática do Instituto Superior Técnico, a eurodeputada foi a oradora principal do painel intitulado "A Reindustrialização da Europa", moderado por Jorge Portugal (COTEC) e contou ainda com a participação de Ângela Correia (TENSAI), Carlos Ribas (Bosch Portugal) e Filipe de Botton (Logoplaste).
Logo no início da pandemia da Covid-19, assinalou a eurodeputada, houve uma tomada de consciência da necessidade de trazer o tema da industrialização volta ao debate na Europa. No dia 10 de março de 2020, a Comissão Europeia apresentou "Uma Nova Estratégia Industrial para a Europa", na qual o Grupo do PPE identificou pelo menos duas grandes fragilidades, sendo uma a falta de alinhamento com outros instrumentos e a outra o facto de termos ecossistemas verticais mas não termos ecossistemas horizontais fortes, notou Maria da Graça Carvalho.
"A pandemia tornou aparente a dependência de importações de componentes-chave, como ingredientes ativos para produtos farmacêuticos ou microchips, com a escassez paralisando setores inteiros por semanas. A União tem de agir de forma mais estratégica e os ecossistemas industriais em torno de cadeias de valor estratégicas como as baterias, o hidrogénio ou a Internet das coisas serão essenciais para reunir o financiamento público-privado e introduzir novas tecnologias no mercado", declarou, defendendo que "nestas áreas serão imprescindíveis mais investimentos na investigação cientifica, o que possibilitará os saltos tecnológicos necessários para chegar aos objetivos".
Sendo a Estratégia apresentada pela Comissão Europeia um documento oridentador da ação dos Estados membros, "a ajuda financeira organizada pela UE e pelos Estados membros deve ser personalizada para cada um dos setores afetados e todos os regimes devem conter igualmente uma componente para as PME. O acesso à ajuda financeira deve ser organizado de maneira justa entre países, setores e tamanho das empresas, colocando as PME, como a espinha dorsal da nossa economia, no centro. Todas as iniciativas e ações que a Comissão Europeia está a montar atualmente são encorajadoras, mas para mitigar o impacto económico, devem ser dedicados recursos significativos, no Quadro Financeiro Plurianual, para ajudar as nossas PME. O programa de recuperação e resiliência terá sempre as PME europeias no centro, lidando com as consequências a curto prazo da crise, mas também abordando os desafios a longo prazo para as PME".
A recuperação ainda levará tempo, constatou a eurodeputada, que recentemente integrou uma delegação da Comissão ITRE que foi aos EUA debater precisamente questões como a da escassez de componentes. "A União Europeia deve assegurar um apoio contínuo à indústria europeia e às PME", as quais são, insistiu, "a espinha dorsal da nossa economia". Alcançar ambições climáticas elevadas, conseguindo ao mesmo tempo preservar a competitividade das nossas indústrias, será a chave para o sucesso, sublinhou.
Maria da Graça Carvalho, relatora do Parlamento Europeu para a nova geração de parcerias do Horizonte Europa, falou ainda das oportunidades que representam para Portugal e para a indústria e empresas portuguesa estas parcerias estratégicas do novo programa-quadro de Ciência e Inovação da UE. "Terá que haver um esforço da nossa indústria e das nossas empresas para participar nestas parcerias, não podem ser as universidades e os centros de investigação a avançar sozinhos. Com estas parcerias avança-se mais rápido do que a trabalhar isoladamente ou apenas a nível local", apelou. A eurodeputada é relatora para 11 dessas parcerias, tendo o relatório relativo a uma delas, a da Metrologia, sido aprovada esta quinta-feira pelo Parlamento Europeu.