Maria da Graça Carvalho, eurodeputada e vice-coordenadora do Grupo do PPE na Comissão da Indústria, Investigação e Energia do Parlamento Europeu (ITRE), foi esta terça-feira a oradora principal da bienal Paper Presents, mostra organizada pela Confederação Europeia das Indústrias de Papel (CEPI), no Hotel Renaissance, em Bruxelas.
"O Green Deal é agora a estratégia de crescimento da União Europeia e todos nós apoiamos os seus objetivos, tentando fazê-lo funcionar para todos nós, sem deixar ninguém para trás. Não podemos fazer nenhum plano para fortalecer as nossas economias sem o envolvimento da indústria. A competitividade, o emprego e o bem-estar social dependem muito de indústrias capazes de melhorar a resiliência e inovar para responder aos desafios subjacentes. As indústrias de base biológica, como os setores da pasta e do papel, da madeira e das fibras, estão tão interligadas a muitos aspectos das nossas vidas que do seu bom funcionamento depende o nosso futuro comum", declarou a eurodeputada, que foi relatora do Parecer sobre a Nova Estratégia Industrial Europeia na Comissão do Mercado Interno e da Proteção dos Consumidores (IMCO).
Nesse contexto, frisou as recomendações do Parlamento Europeu, à Comissão Europeia e aos Estados membros, sobre o que devem fazer para que haja uma autonomia estratégica aberta:
- relançar o mercado único, desregulamentar sempre que necessário, desburocratizar as administrações públicas e a vida das empresas, premiar a concorrência e favorecer a inovação liderada pelo mercado;
- desenvolver ações concretas para colmatar a falta de competências e reequilibrar a fuga de talentos, especialistas tecnológicos e know-how;
- desenvolver um Espaço Europeu da Inovação, capaz de transformar os resultados científicos em produtos comerciais, apoiando startups e PME e mantendo as empresas no mercado único da UE;
- Implementar uma estratégia sobre matérias-primas e recursos críticos necessários para as principais tecnologias facilitadoras, a digitalização e a transição ecológica;
- melhorar o financiamento destinado à investigação, inovação e desenvolvimento tecnológico, não apenas no setor privado, mas também nas políticas governamentais, inclusive sob a forma de parcerias público-privados.
"Investigação e inovação são a base de qualquer plano para aumentar a nossa autonomia estratégica. Vimos isso na crise da Covid-19 e continuamos a testemunhar como essas dimensões continuam a ser fundamentais em tempos de aumento dos preços da energia. Investir em investigação e inovação é uma prioridade horizontal, fundamental para o nosso Green Deal, para qualquer meta climática, para a nossa resiliência industrial e para a autonomia estratégica das nossas cadeias de valor, incluindo nos setores da fibra florestal . Uma forma de garantir que todos podemos caminhar para os mesmos objetivos e todos complementarmos esforços e unirmos forças é através da criação de um verdadeiro Espaço Europeu de Inovação. A melhoria do ecossistema de inovação em toda a UE é essencial para garantir que colocamos as nossas capacidades ao serviço da investigação e da educação. Precisamos promover a coesão, diversidade e inclusão e reduzir a fragmentação nos ecossistemas gerais de inovação. Se as indústrias de base biológica estão a progredir de forma constante rumo à descarbonização, isso deve-se à inovação. Esta é a única maneira de responder aos desafios de hoje. Precisamos intensificar os nossos esforços nesse sentido. E precisamos fazê-lo completamente. Podem contar com o meu apoio", sublinhou Maria da Graça Carvalho, ex-ministra da Ciência, Inovação e Ensino Superior, Professora Catedrática do Instituto Superior Técnico e Engenheira Mecânica de formação.