A eurodeputada do PSD Maria da Graça Carvalho, questionou hoje os responsáveis da indústria farmacêutica sobre a segurança e a eficácia das vacinas contra a covid-19 atualmente em desenvolvimento junto dos grupos mais vulneráveis da população.
“Estas vacinas são aguardadas com grande expetativa por todos, mas particularmente pelos grupos que se encontram em maior risco face à doença, por fatores relacionados com a idade ou condições clínicas preexistentes”, lembrou a eurodeputada, numa audiência conjunta das comissões ITRE (Indústria, Investigação e Energia) e ENVI (Ambiente, Saúde Pública e Segurança Alimentar). “Estas vacinas serão seguras e eficazes para estes grupos, ou existirão riscos para certas franjas da população?”
Fergus Sweeney, diretor de estudos clínicos na Agência Europeia de Medicamentos (EMA), garantiu, em resposta à eurodeputada, vice-coordenadora do grupo do Partido popular Europeu na ITRE, que esta autoridade estará atenta a esse tema. “Isto é parte do que precisaremos de ver dos ensaios clínicos durante a avaliação [das vacinas, antes da sua autorização de entrada no mercado]. Queremos ver a demonstração dessa eficácia e segurança”.
Da parte dos elementos da indústria farmacêutica presentes – SANOFI/Pasteur, CUREVAC e a Vaccines EUROPE, federação que representa o setor – não houve uma resposta direta à questão. Ainda assim, Jean Stéphenne, da CUREVAC, disse antecipar que a vacina estará disponível na Europa no prazo de seis meses, antecipando que esta deverá ser administrada em duas doses para a população em geral, podendo ser necessária uma terceira toma para idosos e outros grupos de risco.
Robin Shattock, diretor do departamento de Doenças Infeciosas do Imperial College de Londres, defendeu que a relação risco/benefício das vacinas será “claramente favorável” para os grupos mais vulneráveis, até por ser previsível que estas sejam mais eficazes “a prevenir a doença” causada pelo coronavírus do que “a transmissão” do mesmo. Acrescentou que “todos estão interessados” em demonstrar a segurança e eficiência nos grupos de risco, mas que, antes disso, “temos de demonstrar que a vacina é segura junto de populações saudáveis, de forma a não colocar grupos vulneráveis em risco”.
Maria da Graça Carvalho lembrou ainda que o programa-quadro da Ciência e Inovação, o Horizonte 2020, tem sido de grande importância para vários dos projetos em curso, considerando que esse facto evidencia a importância de se garantir financiamento adequado para o seu sucessor, o Horizonte Europa.
A audiência foi também marcada por apelos, quer dos eurodeputados quer do responsável da organização Médicos Sem Fronteiras, a uma maior “transparência” por parte das farmacêuticas, nomeadamente em relação ao teor dos contratos que vêm sendo assinados para o desenvolvimento e produção das vacinas com diferentes países.