A 8 de março assinala-se mais um Dia Internacional da Mulher e essa será mais uma ocasião para reforçar o trabalho que tenho realizado na área da igualdade de género, defendendo a necessidade de ter cada vez mais mulheres nas áreas da Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM). No mês de fevereiro, participei no intenso debate que tem vindo a ser realizado no Parlamento Europeu sobre a necessidade de acelerar a campanha de vacinação contra a CovId-19, apostar no estudo das novas variantes e aumentar a produção de vacinas na Europa (sem fechar a porta a outras vacinas desenvolvidas fora do espaço da União). E também no debate sobre a necessidade e urgência de incluir o setor das indústrias culturais e criativas nos planos de recuperação dos Estados membros. Fui ainda nomeada relatora da posição do PE sobre a nova geração de parcerias europeias no âmbito do Horizonte Europa. Em conjunto com as chamadas “missões”, as parcerias representam cerca de 30% do orçamento deste programa-quadro, o qual contempla investimentos totais de 95,5 mil milhões de euros entre 2021 e 2027.
Em causa está um conjunto de nove parcerias público-privadas, abrangendo áreas tão distintas como a aviação limpa, o hidrogénio, a economia circular para o ambiente, a ferrovia, os medicamentos inovadores e saúde global, agregadas num único relatório, e ainda uma parceria específica pública-pública referente a sistemas de medida. Além disso fui também nomeada relatora da parceria europeia sobre computação de alto desempenho, um projeto que contempla a instalação, em Portugal, de um dos novos supercomputadores europeus. E também relatora-sombra do relatório de iniciativa sobre a eliminação de barreiras não pautais no Mercado Único. As BNP são todos os impedimentos, de origem não tarifária, ao princípio da livre circulação de bens e serviços no espaço comunitário e são apontadas como um dos principais obstáculos ao pleno desenvolvimento do Mercado Único Europeu. As dificuldades são sentidas com particular incidência na área dos serviços.
No âmbito das várias formações de eurodeputados a que pertenço e no quadro do grupo do Partido Popular Europeu, do qual faço parte, participei numa conferência sobre a necessidade de ter mais raparigas e mulheres nas áreas das STEM. As mulheres compõem 52% da população da União Europeia, mas só dois em cada cinco cientistas ou engenheiros são mulheres. O Instituto Europeu para a Igualdade de Género estima que, se reduzirmos o fosso que existe a nível do género nas STEM, há o potencial de criar 1,2 milhões de novos empregos na União Europeia. No início de fevereiro, participei na reunião do MEP Heart Group, onde foram debatidas as lições aprendidas com a Covid-19 para a Saúde Cardiovascular, a Resiliência dos Sistemas de Saúde e a Transformação Digital. Na minha intervenção, lembrei que a Covid-19 não é apenas uma doença respiratória, mas uma doença que afeta também o sistema cardiovascular. A mortalidade entre doentes Covid-19 é superior à de outros grupos populacionais. Além disso, a pandemia deixará muita gente com danos cardíacos, o que fará com que, nos próximos anos, aumente a prevalência de problemas cardiovasculares. Já antes da pandemia, sublinhei, 60 milhões de pessoas na UE viviam com problemas cardiovasculares. Se não forem tomadas ações, esse número disparará.
Além deste alerta, no que toca à Covid-19, tenho vindo também a insistir na necessidade de acelerar a campanha de vacinação na Europa, bem como a produção de vacinas, o estudo de novas variantes e a avaliação, pelas autoridades competentes, de vacinas desenvolvidas fora do espaço da União. Tudo isto, alertei, será feito com muito maior eficácia se continuarmos juntos. Mas manter essa solidariedade não dependerá apenas da Comissão Europeia. Precisamos de ter todos os Estados membros a bordo. E Portugal, na presidência do Conselho da União Europeia, tem aqui um papel muito importante a desempenhar.
Portugal é também um dos países que mais beneficiará dos fundos do Mecanismo Europeu de Resiliência. Também aqui terá, uma vez mais, a oportunidade de dar o exemplo. É fundamental que sejam destinadas mais verbas para a ciência, investigação, inovação e ensino superior. Mas também para o setor das indústrias culturais e criativas. No início de fevereiro, participei numa reunião de eurodeputados do PPE das comissões ITRE e CULT com representantes deste setor particularmente atingido pela pandemia. Apelámos aos governos da UE para dedicarem 2% do Plano de Recuperação da UE às indústrias culturais e criativas. Em Portugal esse apelo parece não ter sido ouvido atempadamente.