Com o Quadro Financeiro Plurianual e o Plano de Recuperação em discussão entre Comissão, Conselho e Parlamento Europeu, estive nos últimos meses empenhada na defesa de um orçamento forte para a ciência a inovação, convicta de que estas são as melhores armas que temos para superar a crise na saúde e na economia.
O resultado da reunião extraordinária do Conselho, que terminou a 21 de julho, foi por isso de sabor agridoce. Por um lado, alcançaram-se feitos muito importantes, como a inédita partilha de riscos entre estados-membros, através da ida aos mercados da Comissão Europeia para financiar parte do Plano de Recuperação. Igualmente importante foi a garantia de que os estados-membros, Portugal incluído, recebiam as verbas necessárias. No caso do nosso país, alcançou-se um crescimento global de 37% face aos valores recebidos no anterior quadro de apoio.
As más notícias vieram do lado dos programas da Comissão – na Ciência, na Saúde, na Educação – que acabaram por ser os principais sacrificados neste entendimento entre chefes de governo dos estados-membros.
Tínhamos de resolver os problemas do presente, e isso parece ter sido alcançado neste acordo. Mas não deveríamos descurar o futuro. A União Europeia não é apenas uma fonte de financiamento para os países. É um projeto comum, com valores e objetivos partilhados, que exige cooperação para ter sucesso.
Objetivos como a luta contra as alterações climáticas, a digitalização, a transição e modernização industrial, tornam-se mais difíceis de alcançar quando os orçamentos para os programas que os sustentam são enfraquecidos. Todos eles exigem investimento em ciência e inovação, todos eles exigem a partilha de esforços.
Teremos de continuar a lutar, agora com particular atenção ao papel dos estados-membros, para que cada um destes assuma as suas responsabilidades na batalha conjunta que estamos a travar pelo nosso futuro.