A eurodeputada do PSD, Maria da Graça Carvalho, avisou esta segunda-feira que o pacote legislativo Fit for 55, que tem como objetivo concretizar a descarbonização da economia europeia, mais concretamente a redução das emissões de CO2 em 55% até 2030, “afeta fortemente as modalidades e infraestruturas de transportes”, defendendo que esta iniciativa da Comissão Europeia tem de ser “coerente”, e considerar o potencial de todas as tecnologias, incluindo tecnologias que façam a ponte entre as atuais e as futuras, para concretizar a transição verde de uma forma “inclusiva e sustentável”.
“Em muitos setores, simplesmente não temos todas as soluções tecnológicas que podem sustentar uma transformação imediata”, disse a eurodeputada, na abertura da Conferência: “The Potencial of a Liquid Fuels Strategy for the Decarbonisation”, organizada pela Fuels Europe.
“Devemos trabalhar em trajetórias sólidas, levando em consideração uma avaliação do ciclo de vida para todas as fontes de energia e métodos de propulsão, renováveis ou não renováveis”, acrescentou. “O espírito desta transição é que temos de reduzir as emissões e não a mobilidade. Especialmente nos setores da aviação e marítimo, os combustíveis líquidos serão essenciais para esse fim”.
Para a eurodeputada, vice-coordenadora do grupo do Partido Popular Europeu na comissão da Indústria, Investigação e Energia (ITRE), e copresidente do Intergrupo Investimentos Sustentáveis de longo Prazo e Indústria Europeia Competitiva, a aposta na diversidade de tecnologia “é um princípio muito importante, porque pode permitir estratégias eficazes de investigação cientifica e inovação” que garantam esse equilíbrio.
Igualmente crucial para a penetração de tecnologias mais limpas, acrescentou, é a aposta na infraestrutura. “Na verdade, sem uma ampla difusão de infraestrutura alternativa, a meta de vendas de carros com emissões zero não será alcançável”, considerou. “A implantação de infraestrutura alternativa é um dos principais fatores (juntamente com os custos) para orientar a escolha dos consumidores e para a aceitação pelo mercado de veículos mais limpos”. Por isso, concluiu, é essencial que “a União Europeia atue a nível global para garantir que as economias de escala possam reduzir os custos de produção das tecnologias mais promissoras”.
No caso concreto dos combustíveis líquidos, Maria da Graça Carvalho disse que “a Diretiva de Energia Renovável (RED) já oferece a oportunidade de aumentar a contribuição de combustíveis líquidos sustentáveis e renováveis no setor dos transportes”. No entanto, acrescentou “uma estratégia mais abrangente, focada em combustíveis líquidos, seria uma opção desejável para a indústria e investidores”.