O ano de 2020 foi indiscutivelmente um dos mais difíceis das nossas vidas. Mas trouxe-nos lições, que, se bem aprendidas, poderão ajudar-nos não apenas a estar melhor preparados para lidar com novas crises, mas também a construir um futuro melhor e mais sustentável para todos.
A boa notícia com que encerramos o ano - o arranque da vacinação contra a covid-19 em todos os estados-membros - é a síntese perfeita das recordações positivas que, apesar de tudo, levamos de 2020: a nossa capacidade de mobilização para enfrentar desafios inimagináveis, o triunfo do espírito humano suportado pela nossa busca incessante do conhecimento, em particular através da ciência e inovação.
Como cidadãos da União Europeia, devemos orgulhar-nos dos esforços conjuntos que fizemos para enfrentar esta pandemia, combatendo a emergência de saúde pública e atuando em bloco para mitigar os seus efeitos económicos, igualmente gigantescos. Devemos recordar-nos de que foi graças à ciência feita na Europa, suportada por fundos comunitários, que se desenvolveram em tempo recorde as vacinas que nos permitem ver a luz ao fundo do túnel. E que só atuando em conjunto foi possível adquirir e distribuir de forma equilibrada os lotes necessários para vacinar as populações de cada Estado-membro.
Como europeísta convicta, e alguém que sempre acreditou no papel fundamental do triângulo do conhecimento: Educação, Ciência e Inovação, não posso deixar de olhar para estes desenvolvimentos como uma validação das minhas convicções. Tal como encaro o novo programa-quadro da Ciência e Inovação, o Horizonte Europa, que arranca neste ano de 2021, como a nossa maior esperança de vencermos, juntos, os grandes desafios das nossas sociedades, da transição verde, intimamente ligada às questões energéticas, à revolução digital.
Portugal cresceu muito como país graças ao anterior programa-quadro Horizonte 2020, o primeiro em que passámos de contribuidores a beneficiários líquidos do investimento europeu em ciência e inovação. Os benefícios retirados pelas nossas universidades, os nossos centros de investigação e, progressivamente, pelas nossas empresas, ajudaram a cimentar a ideia de que o nosso futuro como país passa pela aposta no conhecimento, não apenas para os nossos centros de saber, mas para toda a população.
O Horizonte Europa, saibamos nós aproveitá-lo bem, poderá ser o motor de que precisamos para nos afirmarmos definitivamente como um país mais competitivo, mais próspero e mais equitativo. As oportunidades são amplas e diversificadas, desde a exploração de recursos naturais em que somos ricos, como as fontes de energia renováveis, à capacitação tecnológica das nossas empresas e indústria.
Além das linhas de financiamento principais, devemos estar atentos às parcerias, que são uma componente muito importante do programa-quadro. A EUROHPC - Empresa Comum para a Computação Europeia de Alto Desempenho, de cuja nova fase fui nomeada relatora pelo Parlamento Europeu, é um exemplo. Esta iniciativa visa tornar a Europa líder mundial no domínio da supercomputação. E Portugal é um dos países que irão acolher um dos oito supercomputadores que constituirão esta rede.
O meu voto para 2021, e para os anos que se seguirão, é que utilizemos exemplos como este para sonhar cada vez mais alto. Porque a ambição de ser melhor, de fazer melhor, compensa sempre.