Nesta terça-feira, em Bruxelas, participei num evento de apoio ao Partido Popular (PP), em antecipação das Eleições Gerais de Espanha que decorrem no próximo dia 23 de julho. O encontro, promovido pelo PP e pelo PSD Bruxelas, foi aberto a deputados de toda a "família" política do Partido Popular Europeu (PPE), que agrega as diferentes forças de centro-direita representadas no Parlamento Europeu. Mas, para mim, foi também uma oportunidade para enfatizar o trabalho muito próximo e a relação privilegiada que mantenho com as minhas colegas e os meus colegas espanhóis, do PP, nas diferentes comissões parlamentares nas quais estou representada.
Portugal e Espanha, países vizinhos, estão profundamente interligados a todos os níveis: geográfico, histórico, político, económico e cultural. O que acontece num desses países provavelmente terá impacto no outro. Muitos dos desafios enfrentados por portugueses e espanhóis, nomeadamente os desafios relacionados com a posição periférica da Península Ibérica face ao resto da União Europeia, são partilhados e exigem articulação entre as duas nações para poderem ser ultrapassados.
Nas questões da energia, em especial no que respeita às interligações elétricas transfronteiriças; em todos os temas relacionados com a água, desde a proteção e valorização dos recursos marinhos ao desafio da seca e as suas implicações em diversos setores, nomeadamente na agropecuária; nas atividades de Educação, investigação científica e inovação, em especial no que respeita à participação em programas europeus.
As eleições de Espanha importam ao PSD. O Partido Popular está bem colocado para as vencer e, caso isso aconteça, será para nós um incentivo para as batalhas políticas que se aproximam no nosso país.
Não posso falar pelas outras forças políticas, mas, no que respeita ao PP espanhol e ao PSD, os deputados dos dois países têm sido, em muitas ocasiões, uma verdadeira frente unida em todos estes temas, conseguindo muitas vezes ultrapassar resistências e oposições no Parlamento Europeu.
Esta proximidade entre PSD e PP tem sido extensível às questões de política interna e às relações bilaterais entre os dois países. Quer quando se encontram no governo, quer enquanto líderes da oposição, os dois partidos têm sabido construir pontes entre si, partilhando ideias, agendas e estratégias. E têm sabido defendê-las com muito maior convicção, nomeadamente a nível europeu, do que os seus equivalentes do centro-esquerda.
Desde logo nas questões das interligações da energia. Alguém conhece desenvolvimentos práticos do famoso "Acordo para o Corredor de Energia Verde", assinado em outubro de 2022 entre os governos socialistas de Portugal e Espanha e o presidente francês Emmanuel Macron? Pelo menos no Parlamento Europeu este tema não ficou esquecido, e tem sido permanentemente colocado na ordem do dia pelos deputados do PP e do PSD, com o apoio político de todo o PPE.
As eleições de Espanha importam ao PSD. O Partido Popular está bem colocado para as vencer e, caso isso aconteça, será para nós um incentivo para as batalhas políticas que se aproximam no nosso país. Não será fácil destronar o PSOE, sobretudo no contexto de uma Presidência Espanhola da UE que dá, naturalmente, grande notoriedade ao governo em funções. Mas a vontade dos espanhóis parece apontar claramente para uma mudança política, depois de anos em que o descontentamento popular se foi acentuando, fruto de algumas medidas contraproducentes, várias das quais impostas pelos populistas da extrema-esquerda.
E esses ventos de mudança que vêm de Espanha interessam a Portugal. São bons para mostrar aos nossos cidadãos que existem alternativas ao marasmo que se vive desde há bastante tempo no nosso país, onde nem alguns indicadores macroeconómicos positivos, fruto essencialmente de um contexto internacional favorável, chegam para disfarçar a falta de perspetivas e a degradação das condições de vida sentida por grande parte da população.