Há algum tempo, a propósito de comentários que Carlos Moedas fez sobre a necessidade de se conciliar o turismo na capital com a construção de uma cidade viva, que ofereça melhores respostas aos que lá moram, estudam e trabalham, li um artigo de opinião onde alguém o acusava de fazer um discurso "retrógrado".
A classificação é risível quando se conhece a sua visão sobre ciência e inovação abertas à sociedade e ao mundo, o papel das novas tecnologias, o futuro das cidades e das comunidades humanas em geral.
Torna-se quase insultuosa quando lembramos o papel determinante que teve nas políticas europeias contra as alterações climáticas, nomeadamente no caminho conducente à cimeira de Paris, na qual depois marcou presença, como tive oportunidade de testemunhar. Ou tantas outras frentes em que se envolveu na qualidade de comissário europeu, incluindo as questões éticas e de evidência científica.
"Retrógrado" é provavelmente o mais disparatado ataque de que alguém se poderia lembrar para se referir a Carlos Moedas. O que ele é, de facto, é alguém que defende as suas ideias e convicções sempre com espírito de compromisso e de forma construtiva, mas sem receios de, no limite, desagradar a determinados públicos. Alguém que poderia, justificadamente, estar a desfrutar dos seus sucessos recentes, sem grandes preocupações nem a pressão dos holofotes, mas que em vez disso teve a coragem de arregaçar as mangas e de partir para uma luta, que sabia não começar em igualdade de circunstâncias, com a convicção de vencer.
Desde que Carlos Moedas foi anunciado como candidato a Lisboa pelo PSD que penso - e tenho defendido publicamente - que foi uma grande escolha, que veio não apenas trazer dinamismo ao partido nesta corrida, mas elevar o nível global das eleições. Agora, com a campanha eleitoral oficialmente em curso, e olhando para o que têm sido estes últimos meses, só posso reforçar essa convicção.
Tendo trabalhado diretamente com Moedas em Bruxelas, na Comissão Europeia, eu não tinha dúvidas de que este seu lado iria sobressair nestas eleições, como sobressai em tudo aquilo em que se envolve. O lado de um homem determinado, de grande visão, virado para o futuro, aberto ao mundo e admirado por todos aqueles com quem se cruza. Admirado, por exemplo, pela comunidade científica internacional, que lhe prestou uma enorme homenagem quando cessou funções como comissário europeu.
O melhor barómetro do impacto de Carlos Moedas nestas autárquicas é o nível de irritação que tem gerado nos seus adversários - políticos e não só - em Lisboa. A começar, claro está, pelo ainda presidente da autarquia, Fernando Medina, o qual, confortável com as sondagens e a promessa de apoios à esquerda caso alguma coisa lhe corresse menos bem, imaginaria chegar a este ponto encarando a votação do próximo dia 26 como um mero pro forma, eventualmente já a pensar noutros voos.
Não se pode dizer que o candidato do PSD tenha sido uma surpresa para os opositores. Todos conheciam o seu currículo. Todos olhavam para as listas da sua candidatura e viam nomes de personalidades, muitas delas independentes, de inquestionável mérito. Académicos, cientistas, jornalistas, empreendedores. E ninguém conseguia ler o seu programa sem reconhecer a qualidade das suas propostas para a inovação tecnológica, a relação com o mar e o Tejo, a mobilidade urbana, a habitação, a saúde, o dinamismo e a competitividade global da capital. O que talvez muitos não tenham antecipado foi a determinação com que se apresentou nesta luta, tanto na defesa das suas ideias como na denúncia do muito que vai mal na atual liderança autárquica de Lisboa.
Só no dia 26 saberemos se ficou claro para todos os lisboetas quem Carlos Moedas realmente é. Mas já todos ganhámos por tê-lo nesta corrida.