Press Opinião: «A fúria do vulcão, o TGV e um país periférico»

News | 16-04-2010

Quase toda a Europa foi afectada pelas cinzas vulcânicas vindas da Islândia. Mas para nós, portugueses, a solução ferroviária não é eficaz. Será que o TGV resolveria isto?

O Eyjafjallajokull deixou-me apeado fora do meu país e sem solução para regressar. Em Bruxelas, a milhares de quilómetros de distância de Portugal, sinto as fragilidades do nosso tempo. Tudo por causa de uma nuvem de cinzas que encobriu os grandes países desta União e deixou mais de um milhão de pessoas retidas.

E o que fazer quando os aviões não podem descolar e os aeroportos se tornam meros parques de estacionamento? Muito pouco. Pelo menos para alguém que vive num país periférico. Sim, as ligações aéreas estão todas canceladas, mas a situação é diferente para quem vive em Londres, Paris, Amesterdão em Berlim. E qual é a grande diferença? As ligações ferroviárias e/ou marítimas.

Como habitante em Lisboa, deparo-mo com entraves bem vincados. Estou na sede da União Europeia, onde são discutidos os problemas da União Europeia e as soluções para o futuro. Mas, neste momento, ainda não sei como vou regressar ao meu país. Não há aviões, autocarros estão esgotados (viajo inserido num grupo) e automóveis para alugar são escassos e em condições muito especiais (alguns eurodeputados foram lestos e seguiram pela via rodoviária, juntando-se em grupos mais pequenos).

Eis que surge, então, a via ferroviária, que está, neste momento, a ser uma das mais utilizadas. Para quem mora no centro da Europa existem várias soluções, com comboios rápidos a ligarem as principais cidades. Sair para Paris, Amesterdão, Berlim ou mesmo Londres não é difícil. Até o barco é solução. O problema é chegar mais longe.

Seria o TGV uma solução importante? Sim, mas também uma linha mais eficaz entre França e Espanha, que permitisse a utilização de comboios tipo «Alfa Pendular», e não o mero Sud-Express, que é claramente insuficiente (horários desfasados e viagem incómoda).

Até pode ser um argumento a ser utilizado pelos defensores do comboio de alta velocidade, como o actual Governo (aliás, António Costa já o referiu), mas é um facto indesmentível que se houvesse uma rede desse género a ligar as capitais europeias o impacto do cancelamento de 17 mil voos seria bem menor. E talvez não nos sentíssemos tão periféricos...

Crónica da viagem de retorno a Portugal desde Bruxelas do editor do TVI24.pt Filipe Caetano, que foi visitar o Parlamento Europeu junto com mais 42 pessoas, a convite da eurpodeputada Maria da Graça Carvalho. Ver notícia.  

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