Depois de ter pré-anunciado que seria mesmo candidato à liderança do PSD, Luís Montenegro faz amanhã o anúncio oficial de entrada na corrida às eleições internas do partido, marcadas para 28 de maio, na sede nacional da São Caetano à Lapa. E os primeiros apoios começam a surgir, como o da eurodeputada e presidente do Instituto Francisco Sá Carneiro, Maria da Graça Carvalho.
A antiga ministra da Ciência e Ensino Superior, nos governos de Durão Barroso e Santana Lopes, justifica a sua posição ao DN com "a importância para o partido de ter um presidente que faça um esforço de agregar e unir para que o PSD possa passar um período de tranquilidade". Maria da Graça Carvalho diz rever-se nas ideias de Montenegro, sobretudo na abertura do partido à sociedade civil e a aposta na formação de quadros.
"Num momento crucial para o partido, é importante que o futuro presidente agregue e una, modernizando a imagem do PSD, atraindo novos quadros, posicionando o PSD como verdadeira alternativa ao PS", refere a eurodeputada. Para a presidente do Instituto Sá Carneiro, o antigo líder parlamentar, "pelas suas qualidades humanas e políticas, pelo seu conhecimento profundo do partido e da sociedade civil e pela sua experiência política, corporiza esse espírito".
Maria da Graça Carvalho, que integrou a direção de Rui Rio e foi convidada pelo ainda presidente do PSD para concorrer à liderança do Instituto Sá Carneiro, defende ainda que Montenegro tem uma "visão reformista e está determinado a construir uma alternativa aos socialistas".
A eurodeputada social-democrata diz que dá este sinal agora - e num momento em que Jorge Moreira da Silva também deu sinais de que irá avançar - porque entende que é uma forma de contribuir para a "unidade" desejada. Considera que o facto de Montenegro ter sido líder parlamentar e "conhecer profundamente" o partido lhe dá vantagem em relação ao antigo ministro de Pedro Passos Coelho. Além disso, sublinha, "a persistência em querer ser líder mostra a sua determinação". Realça também as "pessoas de grande qualidade" de que se está a rodear para este projeto de liderança. Entre os quais o seu diretor de campanha, o ex-eurodeputado Carlos Coelho e o agora deputado e presidente do Conselho Estratégico Nacional, Joaquim Sarmento, que irá coordenar a moção de estratégia global de Montenegro.
Concentrado na OCDE
Perante as notícias da passada sexta-feira que dão como certo o seu avanço para a corrida à liderança, Jorge Moreira da Silva adiantou num post no Facebook que irá fazer "uma declaração pública" no dia 14 de abril. Até lá, "terei de me concentrar, enquanto Diretor da Cooperação para o Desenvolvimento na OCDE, na conclusão do processo de tratamento, análise e apresentação, no dia 13 de Abril, das estatísticas anuais da Ajuda Pública ao Desenvolvimento dos 30 principais doadores internacionais."
Moreira da Silva foi ministro do Ambiente no executivo de Pedro Passos Coelho, foi deputado e eurodeputado (1999-2003) pelo PSD, primeiro vice-presidente do partido entre 2010 e 2016, foi conselheiro das Nações Unidas para a inovação financeira relacionadas com as alterações climáticas e conselheiro do Presidente da República Cavaco Silva. Quando saiu do governo em 2015, o social-democrata voltou à Plataforma para o Crescimento Sustentável, um think tank que fundou em 2011.
Ribau desiste
O presidente da Câmara de Aveiro, o primeiro a assumir estar a ponderar uma candidatura à liderança, acabou por anunciar ontem que não vai candidatar-se a presidente do PSD, nas eleições diretas marcadas para 28 de maio, afirmando que precisaria de mais tempo para construir uma "alternativa forte".
"Quero agradecer a todos os muitos que me manifestaram o seu apoio, muitos deles que não conheço, porque por sua iniciativa me facultaram essa sua perspetiva, mas a verdade é que é preciso mais tempo e mais trabalho para termos uma alternativa forte dentro do PSD", afirmou Ribau Esteves.
O autarca, que cumpre o terceiro e último mandato na Câmara de Aveiro, anunciou ainda que não irá apoiar Luís Montenegro, o único candidato para já conhecido, considerando que aquele "representa um passado do PSD que continua a lutar de uma forma sôfrega e lamentável" por condicionar o futuro do partido.
Questionado sobre um possível apoio a Jorge Moreira da Silva, que deverá anunciar a sua candidatura a 14 de abril, o antigo secretário-geral do PSD durante a liderança de Luís Filipe Menezes disse que é uma hipótese que irá ponderar.