É uma honra – e também uma grande responsabilidade - poder liderar uma organização pela qual passaram grandes nomes da social-democracia. Agradeço todo o trabalho feito pelo anterior presidente, o engenheiro Alves Monteiro, mas também ao presidente da mesa, o doutor Francisco Balsemão, e a todos aqueles que têm dado o seu tempo e dedicação ao Instituto Sá Carneiro.
As contas estão equilibradas e a missão, agora, é olhar para o futuro e para formas de dinamizar o Instituto. Temos projetos que implicarão disponibilidade financeira e, por isso, estamos também a olhar para novas fontes de receita, por via de mecenato, parcerias estratégicas, crowdfunding e até linhas de financiamento europeias. Mas sobre este assunto contamos ter novidades mais concretas para anunciar no futuro próximo.
Umas das missões estratégicas do Instituto, como refere, sempre foi a formação de quadros políticos para o futuro. E é uma missão que tem cumprido com grande sucesso. Nesse sentido, é natural que as formações que oferecemos tenham uma forte participação de jovens. Se é um sinal de abertura democrática, trata-se de uma abertura que faz parte da matriz desta instituição desde o início. Dito isto, é importante sublinhar que a oferta formativa não se resume aos jovens. Não existe um perfil único de candidato. Temos, por exemplo, ofertas específicas destinadas às mulheres ou aos autarcas, independentemente da idade dos mesmos. Da mesma forma, sendo esta uma instituição aberta à sociedade civil, o alvo das nossas formações não se resume à esfera partidária. É claro que esta oferta se situa na área da social-democracia, mas os nossos alunos incluem jovens e menos jovens, filiados e independentes. Da mesma forma, muitos dos professores que participam nestas formações não são militantes ou apoiantes do PSD.
Como referi, existe um capital de excelência do Instituto que importa desde logo preservar e valorizar. A Universidade de Verão, para citar apenas um exemplo, é claramente a maior e mais importante iniciativa do género em Portugal. Claro que também temos propostas novas, entre as quais se contam a organização de mais seminários, a aposta em soluções de formação descentralizadas e um programa de estágios que terá características inéditas no nosso país.
O Prémio Francisco Sá Carneiro será promovido em parceria, da qual contamos poder dar conta em breve. O regulamento está também ainda em fase de elaboração. O seu objetivo será distinguir o pensamento político de qualidade, que pode ser manifestado sob a forma de uma investigação ou uma tese de doutoramento na área da Ciência Política. A bolsa de empreendedorismo, que será lançada em conjunto com associações empresariais, destina-se a criar um prémio para startups com projetos de grande potencial.
Muitas das medidas que estamos a preparar estão relacionadas com a valorização da memória coletiva de Francisco Sá Carneiro e, sobretudo, do importante legado que o seu pensamento, sempre virado para o futuro, constitui para Portugal. Em dezembro, assinalam-se 40 anos desde a morte de Sá Carneiro e, tendo como ponto de partida esse marco, iremos apresentar um conjunto muito alargado de iniciativas, desde publicações e exposições a debates e conferências.
É fundamental. Existe um espaço internacional da social-democracia no qual nos inserimos, não apenas a nível europeu, mas global. Queremos tirar partido desse espaço para promover a troca de ideias, a partilha de melhores práticas, a organização conjunta de eventos com a participação de figuras reconhecidas a nível internacional. Na esfera da União Europeia, temos desde logo a ligação à grande família política que é o Partido Popular Europeu, que pretendemos potenciar. Mas queremos também estender esses laços ao outro lado do Atlântico, aos Estados Unidos, bem como aos diferentes países de língua portuguesa. Por outro lado, é importante sublinhá-lo, atribuímos igual importância às dimensões regional e local do Instituto. Queremos ser uma instituição descentralizada, que chegue a todo o mundo, mas também, desde logo, a todo o país.
Julgo que os próximos dois anos serão decisivos. É verdade que os desafios são grandes, mas o governo tem todas as condições, graças a um volume sem precedentes de verbas europeias que terá ao seu dispor, para iniciar a recuperação. Muito vai depender da forma como Portugal irá aproveitar os financiamentos, da sua capacidade de investir bem no futuro.