O Parlamento Europeu irá votar o relatório da eurodeputada Maria Graça Carvalho que visa que as nove parcerias público-privadas do programa Horizonte Europa tenham uma agenda definida em conjunto com a própria indústria, que co-financia os projetos, com o objetivo de aumentar a competitividade. O objetivo é apoiar a investigação e o desenvolvimento em áreas estratégicas, permitindo acelerar a transição para uma Europa verde, ecológica e digital.
Maria Graça Carvalho, que foi nomeada relatora da posição do Parlamento Europeu sobre a nova geração de parcerias europeias, explicou ao Jornal Económico que as nove parcerias abrangem áreas tão distintas como a aviação limpa, o hidrogénio, a economia circular para o ambiente, a ferrovia, a saúde global e os medicamentos inovadores.
“Na aviação limpa o objetivo é desenvolver um avião mais limpo. Portanto, os grandes protagonistas dos setores estão lá”, diz, apontando o exemplo da Airbus, da Rolls Royce, dos centros de investigação ou até mesmo dos mais pequenos fornecedores de equipamento. “Todos juntos a definir um plano de investigação para desenvolver um avião elétrico ou um avião a hidrogénio”, realça, acrescentando que as duas opções ainda estão a ser testadas “para que em 2030/2035 tenhamos a possibilidade de ter um avião mais limpo do que os atuais, já com possibilidade de pelo menos estar perto do mercado”.
Este é apenas um dos projetos abrangidos pelo programa Horizonte, que foi debitado esta terça-feira à noite no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, e que cuja votação do relatório da eurodeputada do PSD irá ocorrer na quinta-feira.
Maria Graça Carvalho elenca ainda a aposta no desenvolvimento de carros a hidrogénio, o desenvolvimento de medicamentos para “as doenças que mais atingem os europeus – o cancro cardiovascular e os diabetes” e na área da “saúde global, essencialmente para pandemias, malária, SIDA e tuberculose”.
“A vantagem é não só o financiamento como a agenda vai ser definida em conjunto com a própria indústria, com as empresas. Ou seja, não é definida só pelos policymakers, mas o setor privado tem aqui uma palavra muito importante porque co-financia”, vinca.
A eurodeputada defende a importância das parcerias europeias no âmbito do programa de investigação e inovação da União Europeia para “manter a liderança tecnologia nos setores em que somos líderes como a aviação”, mas também para “tentar ser líderes em áreas que nitidamente não somos, como o digital, em que há algum atraso em relação aos Estados Unidos e à Ásia”.
Como exemplo do impacto destes projetos aponta o envolvimento da parceria “The European and Developing Countries Clinical Trials Partnership (EDCTP)” – que envolve 14 países europeus e 16 países da África Subsariana – no desenvolvimento da vacina que a Organização Mundial da Saúde recomendou recentemente a administração generalizada da primeira vacina contra a malária nas crianças que vivem em países da África Subsariana.
“A vacina que foi autorizada há poucos dias pela Organização Mundial de Saúde teve por base a investigação científica desenvolvida nesta parceria, o que mostra a sua importância”, assinala. Segundo informação transmitida por uma fonte da Comissão Europeia ao gabinete de Maria Garça Carvalho a EDCTP apoiou o desenvolvimento da vacina tanto direta, como indirectamente através do financiamento da investigação clínica e do reforço da capacidade em Moçambique, Tanzânia, Quénia, Gabão, Gana e Burkina Faso. Estão ainda em desenvolvimento vários projetos no âmbito do desenvolvimento da vacina pela EDCTP2, existindo ainda “novos e muito promissores resultados de ensaios clínicos iniciados apoiados pela EDCTP mostram 77% de eficácia para a vacina candidata contra a malária R21/Matrix-M”.