Joanesburgo - A eurodeputada Maria da Graça Carvalho defendeu hoje que a 17ª Conferência das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas alcançou um resultado histórico e deu início a uma nova era, a do "multilateralismo".
Instada pela agência Lusa a comentar as decisões da cimeira COP17, que terminou domingo na cidade costeira de Durban após uma maratona negocial, a eurodeputada portuguesa, que participou ativamente nos trabalhos, considerou a Declaração de Durban como "um resultado inesperado e de enorme alcance para o planeta".
"As decisões de Durban foram pragmáticas e adequadas aos tempos de hoje. A divisão do mundo, característica do século XX em países industrializados com obrigações e metas vinculativas e países em desenvolvimento, que assumem apenas ações voluntárias, e que davam à China o mesmo tratamento que ao Mali, tornou-se obsoleta", salientou a eurodeputada, que tem um vasto trabalho realizado na área do ambiente.
Maria da Graça Carvalho considera que Durban marcou o início da era do multilateralismo, na qual os compromissos de todos os países terão o mesmo valor legal, mas alerta para as dificuldades de o acordo ser negociado com base na plataforma alcançada na COP17.
"O acordo que sairá da Plataforma de Durban será muito diferente do Protocolo de Quioto, pois terá que refletir um mundo mais complexo, com muitos países industrializados a atravessarem crises económicas e financeiras graves e com países em desenvolvimento a ostentarem um forte crescimento económico", salienta.
Maria da Graça Carvalho considera que "desenhar esse acordo constituirá um grande desafio, uma vez que ele deverá conciliar a preservação do planeta, o crescimento económico, a erradicação da pobreza e sustentabilidade do bem-estar das atuais e futuras gerações".
"E não deixa de ser paradoxal que um marco importante, conducente a esse trabalho, seja a próxima COP18, a ter lugar no Qatar", conclui.
Apesar das críticas à plataforma de Durban feitas por diversas organizações, como a Greenpeace, a eurodeputada, eleita para o Parlamento Europeu pelo grupo do PPE em Julho de 2009, considera que ela constitui uma grande vitória para o combate pela defesa do planeta, bem como um sucesso das posições da UE, que acabaram por ser aceites pelos 195 países que fazem parte da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas.
"Durban permitiu assegurar a continuidade entre o Protocolo de Quioto e o seu sucessor, o qual começará a 1 de Janeiro de 2013 e terá uma duração de cinco a oito anos, conforme venha a ser decidido no COP18 a realizar no próximo ano e as decisões tomadas são de grande importância para o futuro do planeta", referiu a eurodeputada do PSD.
Maria da Graça Carvalho é membro efetivo da Comissão da Indústria, Investigação e Energia, suplente na Comissão de Orçamentos e da Comissão Especial sobre os Desafios Políticos e os Recursos Orçamentais para uma União Europeia Sustentável Após 2013, além de pertencer a várias comissões sobre tecnologia e ambiente.
Ao longo da sua carreira foi agraciada com várias distinções, nomeadamente o Grau de Grande Oficial da Ordem de Instrução Pública, que lhe foi entregue pelo ex-presidente Jorge Sampaio no Dia Internacional da Mulher, em 2002, e foi ministra da Ciência e do Ensino Superior do XV Governo constitucional e ministra da Ciência, Inovação e Ensino Superior do XVI Governo constitucional.
AP
Número de Documento: 13471853
Joanesburgo, África do Sul 12/12/2011 10:30 (LUSA)
Temas: Ambiente, Alterações climáticas