A comissária europeia da Energia, Kadri Simson, disse terça-feira que a prioridade da União Europeia (UE) é aumentar as interligações elétricas e não as de gás, admitindo que a Península Ibérica “não está suficientemente conectada” ao resto da Europa.
“Portugal e Espanha, de facto, não estão suficientemente conectadas, mas eu neste momento daria prioridade às conexões de eletricidade”, respondeu Kadri Simson às questões da eurodeputada portuguesa Maria da Graça Carvalho, no plenário do Parlamento Europeu, em Estrasburgo, França, sobre a hipótese de construção de um gasoduto que ligue a Península Ibérica a França, através dos Pirinéus.
Para a comissária europeia, é necessário começar a pensar no próximo inverno e, por isso, a construção de um gasoduto pode ser demasiado lenta para satisfazer as necessidades energéticas do próximo inverno, numa altura em que a União Europeia está a envidar esforços para diminuir a dependência energética da Rússia.
Temos de aumentar a produção de gás “limpo” aqui na Europa e sempre que pudermos produzir eletricidade, evitando o gás natural como fonte, é isso que deveremos fazer”, acrescentou Kadri Simson.
A comissária explicou que, atualmente, está a ser feito um mapeamento das interligações energéticas na União Europa, no sentido de encontrar alternativas ao gás russo, uma vez que, sublinhou, após o corte de abastecimento da Rússia à Polónia e Bulgária, “qualquer país” poderá ser o próximo a sofrer o mesmo.
“Eu acho que as interligações elétricas são também uma prioridade. […] Todos os participantes no mercado irão beneficiar destas situações em que a eletricidade poderá chegar a preços acessíveis”, vincou a comissária.
No debate intitulado “Autonomia Energética da Europa: a Importância Estratégica das Renováveis, das Interligações da Energia e da Eficiência”, proposto pela delegação do PSD no Parlamento Europeu, Kadri Simson destacou a necessidade de substituir os combustíveis fósseis por energia de fontes renováveis.
Não estou aqui a dizer que as importações dos nossos parceiros fiáveis sejam uma ameaça para nós, mas se pudermos substituir as importações russas com a nossa própria produção, isto é ótimo para as nossas economias”, apontou a comissária.
Para Simson, “há formas de substituir rapidamente o consumo de combustíveis fosseis, por renováveis”, sendo que dentro de duas semanas será apresentado o plano detalhado do RePowerEU, sobre como se vai substituir até ao final do ano dois terços do gás russo e atingir a total independência energética da Rússia até ao final da década.
“Temos de trazer de novo para a União Europeia a nossa produção, para não estarmos a passar de uma dependência para outra”, frisou.
Notícia da agência Lusa publicada pelo Observador