Existir uma agência dedicada especificamente à investigação científica na área da saúde “é algo por que me tenho batido desde que fui relatora do programa-quadro Horizonte 2020, no início da década passada”, recorda a eurodeputada Maria da Graça Carvalho, que elogia o anúncio de von der Leyen pela sua capacidade de “reforçar a mensagem de que, sem uma aposta clara na saúde, tudo o resto é posto em causa”.
Foi desta forma que a responsável social-democrata reagiu à notícia da criação de uma Agência Europeia de Investigação Biomédica, deixando porém o alerta de que esta instituição precisa de ser devidamente financiada. Em março, a Comissão anunciou um ambicioso pacote de investimento na área da Saúde, o Eu4Health. No entanto, os 9,4 mil milhões de euros propostos pela Comissão para essa iniciativa são reduzidos a 1,67 mil milhões na proposta de Orçamento aprovada em julho pelo Conselho Europeu.
“Também as verbas destinadas a financiar a investigação na área da Saúde estão neste momento postas em causa, uma vez que a proposta do conselho para o programa-quadro Horizonte Europa fica igualmente aquém do que eram as expectativas da Comissão e do Parlamento Europeu”, recorda Maria da Graça Carvalho.
A agência foi anunciada esta manhã no discurso do Estado da União, uma proposta que teve associado o nome de Maria da Graça Carvalho desde o início, enquanto uma das primeiras proponentes, em conjunto com a presidente da Comissão IMCO (Mercado Interno e Proteção dos Consumidores), Petra de Sutter. Numa carta aberta dirigida à Comissão Europeia em julho, coassinada por outros 46 eurodeputados e várias partes interessadas nas áreas da Ciência e da Saúde, as responsáveis apelavam precisamente a uma liderança reforçada e a uma maior coordenação a nível europeu no que se refere à investigação científica na área da saúde.
Os eurodeputados consideravam, naquela mensagem, que a crise da covid demonstrou que uma resposta coordenada aos desafios da saúde e da investigação científica na área da biomedicina requer planeamento prévio e um compromisso a longo prazo com base numa visão mais abrangente. E sugeriam a criação de um “Conselho Europeu de Investigação em Saúde” como parte de um compromisso da UE com a implementação de uma União da Saúde.
Confirmada a disponibilidade da Comissão para dar este passo, Maria da Graça Carvalho considera ser “mais um forte argumento a favor do aumento do financiamento da Ciência e Inovação a nível europeu, nomeadamente do Horizonte Europa”. E sublinha: “É preciso assegurar os financiamentos que sustentem estas ambições”.