Foram os objetivos comuns na segurança, economia e nos valores que juntaram os diferentes Estados-membros, em 1957, ainda como Comunidade Económica Europeia. São, por isso, mais de seis décadas de cooperação entre os países e os seus povos, mas que apesar da já longa relação continua a precisar de ajustes. “Devemos continuar a cooperar, e cooperar cada vez mais, com o resto do mundo”, diz ao Expresso a eurodeputada Graça Carvalho. Especialista em questões da investigação científica, inovação e tecnologias na área da saúde, é atualmente relatora responsável pela Iniciativa Saúde Inovadora e Global Health. “A aposta coordenada da união no desenvolvimento e aquisição das vacinas da covid-19, apesar das críticas e problemas que têm surgido, continua, na minha opinião, a ser um bom exemplo das vantagens de trabalharmos em conjunto”, diz.
Porém, dar corpo à estratégia europeia rumo à recuperação de soberania na área da inovação científica depende, diz Maria do Carmo Fonseca, do reforço do apoio à investigação. “Não podemos reduzir o investimento em ciência, nem em Portugal nem na Europa, sobretudo ao nível da investigação fundamental que é o verdadeiro motor da inovação”, defende a professora da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. Como presidente do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes (IMM), concorda sobre a importância de “reforçar a coesão” para que todos os cidadãos sintam “que é uma mais-valia pertencer à UE”. Esse sentido de pertença será ampliado com um dos pilares orientadores da política da Comissão Europeia, a justiça social.
Apesar de tudo, a eurodeputada eleita pelo PSD acredita que foi dado um primeiro passo em direção a um continente mais justo com a chegada da pandemia. “Começou logo com a questão do acesso aos dispositivos médicos – dos mais simples, como as máscaras, aos ventiladores”, aponta. Seguiram-se as vacinas, algumas produzidas em território europeu, aposta que considera essencial alargar para “não ficarmos dependentes de terceiros”. No entanto, a também ex-ministra da Ciência e Ensino Superior alerta: “É importante que não se confunda soberania com medidas protecionistas”.
A investigadora Maria do Carmo Fonseca saúda o exemplo da proposta legislativa para Avaliação das Tecnologias de Saúde (ATS), embora acredite que “o desafio pela frente é a lentidão das negociações” causada pelos “mecanismos demasiado burocráticos” na UE. “Da priorização da transformação digital, ao próprio reforço da Saúde Global e da diplomacia da saúde”, estes são alguns dos objetivos com que a Presidência Portuguesa da UE está comprometida até junho, lembra ao Expresso António Lacerda Sales. O secretário de Estado e Adjunto da Saúde pede o reforço da capacidade de resposta da união a futuras ameaças de saúde, missão entregue à anunciada Autoridade Europeia de Preparação e Resposta a Emergências de Saúde.
A agenda desta semana será marcada pelo evento "Liderança Europeia na Saúde | Inovação em Saúde: não deixar ninguém para trás", que decorre na próxima quarta-feira, dia 7. A conferência, organizada pelo Expresso com o apoio da Apifarma, vai abordar questões ligadas à inovação científica – cujo financiamento de 95 mil milhões de euros será assegurado pelo novo Horizonte Europa, até 2027 -, ao acesso dos doentes aos cuidados de saúde e à competitividade da indústria europeia. À segunda-feira, o ‘Mais Europa, Mais Saúde’ reúne os destaques para os próximos dias.
LIDERANÇA EUROPEIA NA SAÚDE | INOVAÇÃO EM SAÚDE: NÃO DEIXAR NINGUÉM PARA TRÁS
O que é?
A APIFARMA, com o apoio do Expresso, organiza a conferência Liderança Europeia na Saúde | Inovação em Saúde: não deixar ninguém para trás dedicada à discussão da competitividade da indústria farmacêutica, acesso dos doentes aos cuidados de saúde e desafios da investigação científica.
Quando, onde e a que horas?
Dia 7 de abril, das 09h30 às 13h00 no Facebook do Expresso.
Quem são os oradores?
João Almeida Lopes, presidente da APIFARMA
Diogo Serras Lopes, secretário de Estado da Saúde
Dennis Ostwald, diretor executivo do WifOR Institute
Manuel Pizarro, eurodeputado
Paulo Portas, vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa
Tim Wilsdon, vice-presidente da Charles River Associates
Alexandre Lourenço, presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares
Nathalie Moll, diretora geral da Federação Europeia da Indústria e Associações Farmacêuticas
Antonella Cardone, diretora da Aliança Europeia de Doentes com Cancro
Cláudia Furtado, diretora da Direção de Avaliação das Tecnologias da Saúde no Infarmed
Richard Barker, presidente da Metadvice
Yann Le Cam, diretor executivo da EURORDIS
Graça Carvalho, eurodeputada
Maria do Carmo Fonseca, presidente da direção do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes
Andrzej Rys, diretor para os Sistemas de Saúde, Produtos Médicos e Inovação na DG Sante da Comissão Europeia
Rui Santos Ivo, presidente do Infarmed
João Neves, secretário de Estado Adjunto e da Economia